3ra uma vez...
... um 5.
Este 5, como a maioria dos 5, combinava com perfeição e elegância a sensualidade e a alegria da sua base curva, com a rectidão do topo, projectado para a frente, para o futuro.
Certo dia, o 5 encontrou um 3 - considerado por muitos (e pelo 5, também) como símbolo da perfeição, apesar do conservadorismo das suas curvas abertas para trás - e entre os dois surgiu uma certa afinidade, que foi crescendo (embora geometrica e não exponencialmente) chegando a ponto de considerarem que as contas entre si poderiam bater certo. Decidiram pois adicionar-se e tornar-se um só, vendo-se assim o 5 na iminência de concretizar o seu sonho de alcançar a perfeição eterna e auto-contida (embora talvez monótona) de um 8.
Infelizmente, nem sempre o todo equivale à soma das partes. Melhor dizendo, e adaptando ao caso em questão, nem sempre a operação entre as partes dá o todo esperado. De facto, as contas acabaram por sair trocadas - quiçá por influência da sua nacionalidade, pois os nºs e as contas em Portugal sempre se deram mal - e em vez de um 8, o que resultou foi um 53 (apesar de tudo sempre melhor que um 51!).
Para o 5, que via no 3 a perfeição, o problema só podia estar do seu lado, evidentemente, nunca no outro, nem na operação efectuada. E assim sendo, a ele lhe cabia resolver a situação, tendo chamado a si essa responsabilidade. As várias tentativas que ensaiou no sentido de alterar o estado de coisas, no entanto, apesar de produzirem algum resultado, não o levaram mais longe que o 35.
E sendo 9 o máximo admissível na demanda pelo algarismo único, 35 era manifestamente insuficiente (ou demasiado, consoante a perspectiva).
Que fazer, então? Assumir o erro de cálculo e voltar atrás? Não, isso estava fora de questão. Não queria ouvir falar de divisões ou subtrações. São tão difíceis de encontrar, afinal, os 3. Que faria depois? Ficar novamente isolado? Arriscar com um qualquer 4, com um 2? E que diria o 6? Que diria o 1?!
Talvez... talvez subtraindo-se a si próprio! Diminuindo-se, 'raiz quadrando-se'. Tendendo para 0, anulando-se. Assim poderiam, pelo menos, conseguir atingir a perfeição... do 3.
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