E tu?
Perguntou-lhe ele, já depois dos beijinhos de despedida, e antes que ela tivesse oportunidade de lhe fugir. Era a mesma pergunta de sempre, repetida tantas vezes no passado, nessa sua procura constante da resposta que queria ouvir. Ou até mesmo da que não queria ouvir, desde que fosse convincente. Desde que fosse firme. Desde que as palavras não fossem traídas por tudo o que resto que lhe parecia sentir escondido por detrás.
"Tsh!" - respondeu ela com um sorriso, virando a cabeça ligeramente na sua direcção, sem parar ou sequer abrandar o passo.
"Tsh?" - pensou ele, enquanto virava costas e se fazia ao seu caminho, na direcção oposta. Já era tarde e sabia bem que não valia a pena insistir. Não conseguiu, no entanto, deixar de pensar naquela resposta, de se interrogar acerca do seu possível significado.
Mas 'Tsh!' o quê? "Tsh! Coitado! Tens cá uma sorte!"? "Tsh! Isso agora..."? Ou "Tsh! Lá estás tu outra vez."?
Mas que espécie de resposta era aquela? Se já as típicas "Pateta...", "Vá, não comeces com isso!", "Não me irrites! Olha que levas!", etc., considerava indefinidas e pouco categóricas, esta então...
Dava-lhe pano para mangas, aquele "Tsh!" sorrido. Abria caminhos por onde a sua imaginação podia correr à vontade, ao sabor dos sonhos, dos desejos.
Correr! Para casa, pois começava a chover.
Teriam de ficar para mais tarde, as divagações.
"Raio das mulheres. Vá-se lá percebê-las... Tsh!"
0 Transmissões (em formato antigo)
<< Take me home