E a luta continua
Um pouco por todos os sectores da nossa sociedade, contra essa ideia diabólica de tentar fazer com que não sejam só alguns, 'os outros', a apertar o cinto.
Faz-me lembrar um pouco a eterna saga doutro grupo lá da 'nossa casa', os famosos 'os mesmos'. Todos concordam em fazer tudo, e até se comprometem, mas quando chega a hora da verdade, acaba por ser (quase) sempre o referido grupo a 'dar no duro'.
"Combata-se a crise, mas não às minhas custas", parece ser o mote.
Professores, militares, polícias, juízes, enfermeiros... toda a gente protesta.
De greves a manifestações, já de tudo se viu e vai vendo, incluindo, e com esta pasmei, uma carta à UNESCO (?) a protestar contra o estado da justiça em Portugal. Inicialmente, e tendo em conta os remetentes da missiva, ainda pensei que fosse algum tipo de 'assumir das responsabilidades', um 'meter a mão na consciência'. Mas afinal não. Não era um protesto contra a lentidão, ineficiência e/ou ineficácia, mas sim contra a agressão de que as regalias da classe eram alvo.
Para um 'cidadão normal', que trabalhe no sector privado, como eu, por exemplo, estas coisas devem causar alguma confusão/indignação. A mim causam. Especialmente quando o estado da justiça é o que se sabe, e quando quase todos os dias vão surgindo notícias como as da anulação dos testemunhos, escutas e afins, no processo contra aquela senhora que fugiu para o Brasil. Enfim...
Para acabar o desabafo (que espero que me perdoem) transcrevo o comentário de um leitor à notícia do Público sobre o tema (e ao fazê-lo trago parte de um texto do MST, para cuja 'atitude' não costumo ter grande paciência):
"Por concordar, transcrevo parte do seguinte comentário que consta do blog verbojuridico, por se coadunar com este artigo. É que segundo Miguel Sousa Tavares, "Porque uma greve é uma forma de pressão e não há pressão alguma quando a greve não incomoda ninguém. Uma greve de transportes, uma greve da TAP, uma greve dos trabalhadores da EDP, incomodam milhares ou milhões. Uma greve na justiça não incomoda ninguém; (...) não incomoda rigorosamente nada". Pois é, uma greve da TAP não chega a incomodar 50.000 pessoas nem implica adiamento de 5.000 voos. Mas, uma simples greve de dois dias dos Juízes, afectou mais de 50.000 pessoas. Se a estes números forem adicionados os decorrentes da greve dos magistrados do Ministério Público (a sua greve implicou o adiamento de muitas diligências de inquérito, menores e julgamentos cíveis e criminais), assim como dos Funcionários Judiciais (milhares de pessoas ficaram impossibilitadas de obter documentos, certidões, apresentar petições e requerimentos), é quase certo que a greve no sector da justiça pode ter atingido números próximos das 100.000 pessoas e seguramente mais de 6.000 adiamentos (usando o mesmo método de pesquisa no site tribunaisnet.mj.pt). "
Pois que acho que o supracitado leitor não terá percebido muito bem a intenção das palavras que citou. A verdade é que, e pelo menos na percepção que temos (tenho) da nossa Justiça, as referidas paragens/adiamentos parecem ser insignificantes quando os processos normalmente já levam meses e anos a concluir. Quando concluem.
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