::segunda-feira, dezembro 10, 2007

Desistir

Talvez por teimosia, burrice, obstinação, ou outro qualquer adjectivo com menor carga depreciativa, a verdade é que não sou pessoa de desistir. Não me considero tal, pelo menos. Talvez até seja, e a minha auto-percepção esteja completamente desfocada (não havia de ser a primeira coisa em que o estava).

Mas daquilo que realmente quero, daquilo que quero mesmo, de corpo e alma (e coração?), não desisto. Não o sei fazer. É uma dificuldade minha, uma falha, um defeito, reconheço, não saber quando é hora de o fazer.

Faço meu o mote (vivo-o, mesmo) que li o outro dia no nick de alguém no Messenger (foi no teu, não foi?), que dizia qualquer coisa do género "never give up on something you can't go a day without thinking about".

É (sou) mesmo assim. Mas isto... é perverso, e causa um efeito de 'pescadinha de rabo na boca' dos diabos (cruz credo): se não desisto continuo a pensar, e se continuo a pensar não desisto, e por aí fora, ad eternum.

Ad nauseum, também, dirás tu, e não sem a tua pinga de razão.

Nestas coisas dos dito em inglês, no entanto, sempre preferi (porque sempre me intrigou mais) aquele que diz algo tão estranho como:

"Desiste enquanto és uma cabeça"

Este "Quit while you're a head", sempre me deixou muito confuso, porque nunca percebi muito bem, o que quereria dizer. Até hoje!

Hoje percebi, ao pensar no problema, e ao chegar novamente a esta questão, que é a minha tradução que está incorrecta - fruto de anos e anos sem aulas de Inglês - e que o que isto quer realmente dizer é:

"Desiste enquanto TENS cabeça"

Porque, de facto, é preciso ter cabeça para saber quando e como desistir. E não o fazendo a tempo e horas, corre-se o risco (sério!) de se perder a cabeça e nunca mais o conseguir fazer! Com todos os prejuízos para a saúde eventualmente inerentes a tal situação.

E usando a cabeça, pondo-a a funcionar verdadeiramente, fazendo-a falar mais alto que a 'bomba' que sempre me moveu, dou-me conta que, em certas coisas, não basta o meu querer, a minha força de vontade e a minha preserverança. Até porque nem fazem sentido assim.

Portanto, enquanto sou uma cabeça... atiro a toalha.
Desisto.

Não do que quero.
Mas de querer, e fazer por isso, sozinho.

Ou não.
Não sei.
Raisparta!