::quinta-feira, dezembro 13, 2007

Tolo como é...

... ainda pensa em dispensar a anestesia.

"É tarde demais" - pensa para com os seus botões. "A uma semana da operação, a menos de uma semana, já não vai fazer efeito. A dor vai lá estar na mesma."

E de facto vai. O efeito da anestesia, ainda por cima tão diluída como está, vai ser praticamente nulo. Começou a ser administrada tarde demais. Uma semana ou duas antes, e talvez fizesse algum efeito, mas assim...

"Para quê adormecer, então? Ou fingir que adormeço? Porque não aproveitar acordado, bem vivo?" - a ideia surge-lhe tentadora. Muito tentadora.

Retirar do braço a agulha, o tubo, que gota a gota o adormece.
Deitar pela sanita abaixo os comprimidos que o entorpecem.
Remover a máscara que lhe dá o sono a respirar.

Podia fazê-lo.
Apetece-lhe fazê-lo.
Muito.

Mas sabe que não é só de dor que se trata. Que não é só sobre ele.

E assim sendo, vai resistindo à tentação.
Na esperança vã de vir a não sentir...