Tolo como é...
... ainda pensa em dispensar a anestesia.
"É tarde demais" - pensa para com os seus botões. "A uma semana da operação, a menos de uma semana, já não vai fazer efeito. A dor vai lá estar na mesma."
E de facto vai. O efeito da anestesia, ainda por cima tão diluída como está, vai ser praticamente nulo. Começou a ser administrada tarde demais. Uma semana ou duas antes, e talvez fizesse algum efeito, mas assim...
"Para quê adormecer, então? Ou fingir que adormeço? Porque não aproveitar acordado, bem vivo?" - a ideia surge-lhe tentadora. Muito tentadora.
Retirar do braço a agulha, o tubo, que gota a gota o adormece.
Deitar pela sanita abaixo os comprimidos que o entorpecem.
Remover a máscara que lhe dá o sono a respirar.
Podia fazê-lo.
Apetece-lhe fazê-lo.
Muito.
Mas sabe que não é só de dor que se trata. Que não é só sobre ele.
E assim sendo, vai resistindo à tentação.
Na esperança vã de vir a não sentir...
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