::quinta-feira, novembro 25, 2004

Dividido

Não. Não é isso.
Não se pode dizer que o espaço esteja dividido.
Não lhe podemos chamar uma divisão.

(vamos lá ver se consigo explicar...)

Porque a divisão implica que não já exista uma totalidade.
A não ser, claro, que se esteja a dividir por um.

Mas não sendo esse o caso, e havendo divisão, cada uma das fracções será menos que o (ex)todo. E terá essa consciência. Isto é, saberá que lhe falta algo para ser/estar completa.

A não ser q se encare a si própria como um 'novo todo', e então sinta uma plenitude que na realidade não tem.

(até aqui não deve haver grandes dúvidas)

Mas também não creio que seja isso.

Parece-me - na minha humilde opinião de leigo na matéria (ou não!) - que o que se passa não é tanto uma divisão do todo em fracções, com o respectivo enfraquecimento e eventual desvirtuação de cada uma destas, mas sim uma duplicação, uma multiplicação, desse mesmo todo, em vários planos de existência. Em diferentes dimensões.

E acredito que seja esta a verdadeira resposta para o problema.

(porquê?)

Porque nem mesmo a tal capacidade elástica do todo, a tender para o infinito, de que me falavas, resolve inteiramente a questão.
Porque mesmo no infinito, mesmo não sabendo onde estão os limites, podemos 'sentir' que não preenchemos o todo, quer porque ainda há espaço por ocupar, quer, e é isto que nos interessa, porque lá existe outra coisa qualquer a roubar(-nos) a plenitude.

(certo?)

Mas, como já te disse, tal não acontece.
Cada 'fracção' sente (sabe!) que é plena.
Que não é apenas uma parte do todo, incompleta, mas o próprio todo em si.
Que tudo abarca e que tudo preenche.

E assim sendo, a única forma de duas (ou mais!) destas fracções coexistirem será, paradoxalmente, não coexistindo verdadeiramente.
Não existindo no mesmo plano, não partilhando o mesmo espaço, mas vivendo cada uma na sua própria realidade.

Como rectas paralelas que nunca se encontram.
Embora, na realidade, esta analogia não se possa aplicar.
Porque, em boa verdade, estes diferentes planos por vezes cruzam-se, intersectam-se, e abalam aquilo que é percebido em cada um como sendo a realidade, o conceito de todo.

(ainda estás a acompanhar?)
(eu nem por isso...)
(vou tomar um ben-u-ron, já volto!)