O Natal
Adoro o Natal! Adoro!
Adoro quando começam a aparecer as iluminações, os enfeites, as decorações nas montras.
Deliro com o regresso dos temas de Natal às rádios: com o "Last Christmas", com o "Do they know it's Christmas time", o "Love is all around" do Billy Mack e todos os outros.
Emociono-me de verdade quando sinto o Natal a aproximar-se, com a prespectiva de montar a Árvore de Natal em casa, com as luzinhas, as bolas, os anjos... o presépio!
Fico esfusiante de alegria quando... quando...
Espera... isto não sou eu.
Isto és tu! Bolas.
Vamos lá outra vez...
Detesto o Natal! Detesto!
Detesto o Pai Natal, inventado que foi pelos tipos da Coca-cola, detesto as renas, os pastorinhos e os Reis Magos (viva a República!).
Detesto toda esta paranoia com as prendas, todo este consumismo desenfreado que se apodera de toda a gente nesta época do ano.
Detesto a hipocrisia das pessoas que durante todo o ano são vis, velhacas e, ... e... não. Isto também não está bem.
Este também não sou eu.
Este será alguém, mas não eu.
Hum...
O Natal
No princípio era o verbo.
Um verbo: receber.
Prendas, pois está claro.
Acho que é por aí que todos começamos.
Deve ser esse o primeiro significado do Natal para qualquer criança, e eu não fugi à regra. Natal = Pai Natal = prendas.
Só um pouco mais tarde é que me apercebi de que tinha um amigo que fazia anos nesse dia, e a quem, de alguma forma (e supostamente), se dedicava e devia toda a festa.
A seguir terá sido o conceito de família a assentar.
Para além das prendas, o Natal passou a representar também mais uma oportunidade para estar com os primos com quem brincava durante todo o Verão, e um momento (raro) de reunião de toda a família (avós e tios).
Por fim, lá para a adolescência, terá sido interiorizado o espírito de 'Paz na Terra para os homens de boa-vontade', da solidariedade, da ajuda ao próximo, etc., que tanto se costuma inflamar nesta quadra.
Apesar de todas estas suas facetas o Natal foi, durante muito tempo, apenas mais um ritual, mais uma tradição pela qual se tinha de passar todos os anos, com maior ou menor satisfação, com maior ou menor alegria, e que não despertava em mim grande emoção. Nem para um extremo nem para outro.
Mas isso tem vindo a mudar de há uns anos para cá. A mudar para melhor.
No sentido em que cada vez mais aprecio e anseio pelo Natal.
Por Ele, de quem me tenho vindo a reaproximar nos últimos anos, e a quem consigo dedicar um pouco mais do meu tempo/pensamento, em consequência, talvez, duma maior tomada de consciência das minhas responsabilidades enquanto dirigente do CNE, membro da Igreja e padrinho de Crisma (do Edy :).
E porque tenho, de facto, muito pelo qual Lhe agradecer. Por tudo aquilo que me tem trazido nos ultimos anos e me tem dado a celebrar nesta época, ano após ano:
.O meu próprio Menino, que chegou no Natal de 2001 (uns dias antes, mas é como se fosse).
.Tu, que noutro Natal (por coincidência) te tornaste presente na minha vida (em todos os sentidos da palavra).
.A família, que de alguma forma se redescobriu e se (re)uniu ao enfrentar as suas perdas e ao celebrar os seus 'ganhos'. Especial e particularmente o B e o seu priminho Henrique, com toda a alegria e significado que trazem à quadra.
.Os amigos, com quem também celebro o Natal, e de quem faço por me (re)aproximar e por relembrar aquilo que nos une.
.Todos os sinais de esperança que aparecem, aqui e ali, um pouco por todo o mundo, no meio de catástrofes e atrocidades, a fazer acreditar na promessa de um amanhã melhor e a dar forças para que se lute por esse ideal.
Hoje em dia, de algum modo, e fruto de tudo o que tenho recebido, o Natal acabou por mudar de verbo. O receber transformou-se em dar. Amor, amizade, solidariedade, esperança.
E prendas, evidentemente.
Que, para mim, não são um substituto de nada, mas apenas uma forma de te lembrar que tens um lugar reservado 'cá dentro'. Uma forma de te dizer: 'Trago-te comigo'.
Feliz Natal!
(Bem sei que já passou, mas mais vale tarde que nunca. E afinal, Natal é quando o Homem quiser, né? :)
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