O preconceito
"Olá bom dia/boa tarde/boa noite... bla bla... escuteiros de Linda-a-Velha... bla bla bla... reinício de actividades... bla bla bla... e o/a sua filha está na lista de espera... bla bla bla... e nesse sentido estou a ligar para saber se ainda mantém o interesse."
E neste momento, das duas uma: ou sai uma das variações do "não" ("Ah, é que ele agora está no râguebi", "Oh! Acabou de ser aceite também em Carnaxide!", "Pois, é que ela já não está muito enstusiasmada", "Sabe, já não estamos a viver em Lisboa") ou sai uma das variações do "sim" ("Sim, claro!", "Excelente!", "Que bom! Ele/ela continua muito entusiasmado/a").
Bem na realidade, é das três uma, porque também pode sair uma das variações do "não sei" ("Olhe, vou passar à minha mulher que é quem trata dessas coisas das crianças", "Pois que vou ter que falar com ele/ela para ver se ainda quer"). Esta, evidentemente, acaba por se transformar numa das outras, mais tarde ou mais cedo.
Quando sai o "sim", vem geralmente seguido de algo do género: "Então e agora, o que é que temos de fazer? O que é que é preciso? A que horas são as actividades?"
Ao que se segue a resposta: "Bom, na 6ª Feira, na véspera do início das actividades, vamos realizar uma reunião de pais... bla bla bla... na nossa sede, às nove e meia."
E é aqui que o tal preconceito dá um ar da sua graça, ao surgir do outro lado, e um pouco a medo, a pergunta: "Nove e meia... da manhã?"
"Não... da noite. Vinte uma e trinta."
"Ah, óptimo."
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