O irmão surdo
Acredito que todos nós (salvo, claro, uma afortunada minoria que constituirá a excepção a esta 'regra') necessitamos, em determinado momento da nossa vida, da ajuda de um 'irmão surdo', como o do Hugh Grant no magnífico 'Quatro casamentos e um funeral'.
Alguém que nos diga (gestualmente ou não, não interessa, desde que seja clara e inequívocamente) aquilo que necessitamos de ouvir: seja um simples "não faz mal, o que importa é que sejas feliz", seja um "dois males não fazem um bem, e ainda vais a tempo de 'corrigir a mão' e de tentar de novo, mesmo que te pareça que não, e que já passaste o ponto de não retorno - que é algo que, nesta vida, só surge realmente no seu fim - por isso vai em frente, coragem, que eu estou, e sempre estarei, aqui a teu lado", que embora mais complexo, acaba por ir dar essencialmente ao mesmo, pois há-de terminar sempre com "o que importa é que sejas feliz".
Infelizmente, nem todos temos a sorte de ter esse 'irmão', ou quando o temos, em vez de surdo é cego, e não vê (ou não quer ver) para além daquilo que projectamos para o exterior (para bem dos outros, de tão altruístas que somos, será?), ou está mudo, amordaçado pelos mesmos preconceitos de que temos medo, e que nos mantêm presos e incapacitados de lutar pelo que queremos.
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