Shine on
Estavam os dois à entrada do Central Park, no dia do Guiness, em conversa animada, quando passa por eles outro ex-626 (ex-escuteiro não, que isso não existe), também do tempo deles.
- Eh pá, estávamos aqui a falar... já não nos víamos há uns 6 ou 7 anos - interpela-o um deles.
- Quatro - 'corrijo' eu, que estava a chegar.
- Nã - responde - há bem mais que isso.
- Para cima de cinco, de certeza - diz o outro.
- Vai para quatro - insisto.
- Pá, se ele diz é porque é - diz o primeiro, no gozo, como sempre.
- Faz quatro daqui a duas semanas - digo, afastando-me.
Faz quatro anos hoje.
Sendo qualquer um deles tão mais próximo de ti do que eu alguma vez fui, é óbvio que não esqueceram, que não esquecem. Mas acredito que para eles, assim como para outros, esse 'pormenor' da data, desse momento em particular, acabe por se diluir por entre as outras memórias, as que realmente interessam.
Já eu, vou mantendo essa memória presente, não tanto por não ter tantas dessas outras por entre as quais a perder (não tenho, é um facto), mas, entre outras razões nas quais se contará também esta minha 'queda' para as datas, pela consciência de não te termos perdido apenas a ti.
Já alguém disse que não perdemos um, mas sim dois amigos. Mas para mim... arriscaria dizer que não perdemos dois, mas três. Há para mim um terceiro, que me é mais próximo e que faz com que seja mais difícil 'esquecer'. Alguém que, senão perdemos, ficou meio perdido, sem que quase ninguém disso se tenha apercebido, dado que se manteve presente, ao contrário de quem escolheu afastar-se por não encontrar outra (melhor) forma de lidar com a situação.
Dois e meio, vá. Mas um meio que faz falta, especialmente a quem se dá conta da sua ausência. Não arranjarás, aí por onde andas, uma luzinha especial para lhe iluminar o caminho de volta? Tanto para um como para outro! O pessoal por aqui decerto agradeceria.
Shine on...
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