Ah, é verdade!
O limbo. Antes que me esqueça novamente dele, e o deixe ficar perdido em si mesmo.
O tal que não a dança. O tal do qual, segundo alguns, o Papa pode dispôr a seu bel-prazer, tal como poderia, se assim o quisesse, segundo esses mesmos e outros alguns, de outros temas, conceitos e dogmas da Igreja Católica.
Bom... na realidade, não é bem assim. Ao contrário de outros conceitos, o limbo nunca foi assumido como dogma no Catolicismo (ou talvez tenha sido, mas...), nunca tendo ultrapassado, ao longo dos anos, o status de mera teoria. Uma hipótese. Uma conjectura. Uma especulação teológica.
Como é sabido, segundo a doutrina Cristã, apenas aqueles que tenham sido baptizados poderão ascender ao Paraíso, pois só através do baptismo poderemos ser libertados do Pecado Original, e assim alcançar o estado de pureza necessário para atingir essa união com Deus.
Nesses termos, qual seria o destino de todos aqueles homens e mulheres Bons, respeitadores dos mandamentos de Deus, que viveram antes de Cristo? E o que dizer de todas as crianças que morrem antes de serem baptizadas?
Estando-lhes vedado o acesso ao Céu, seria justo mandá-los para o Inferno?
Pese embora a opinião de alguns pensadores iluminados, que assim o considerariam 'correcto' (e 'justo'), para a maioria dos teólogos da Igreja (da antiguidade aos nossos dias), a resposta teria de ser (e foi) outra: um estágio intermédio, um lugar 'à beira' do Paraíso (e não do Inferno, como representado na "Divina Comédia", de Dante), para onde essas almas seriam 'enviadas'.
Aquilo a que assistimos agora (alguns de nós com perplexidade) não é mais do que a desconstrução desse conceito. A renúncia da teoria, se quisermos: não existe Limbo, nunca existiu, e muito menos como um dos 'Círculos do Inferno'. Tanto os que viveram antes de Cristo, como em particular as crianças que morrem sem receber o baptismo, estão entregues - como todos nós, afinal - à misericórdia de Deus.
No que toca ás crianças, estou mais que certo que Ele só as faz seguir numa direcção: para 'cima'.
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