::quarta-feira, janeiro 11, 2006

Ontem

Fui novamente 'passar o dia' a Santiago do Cacém. Não correu nada mal, no que toca ao projecto que lá temos, e que parece finalmente levantar voo, mas o arranque, bem... foi custoso. O arranque do dia, isto é.

Tinha previsto sair de casa pelas 7h30, com vista a chegar ao Hospital pelas 9h, e assim aproveitar ao máximo o 'nine to five' lá de baixo, mas entre o acordar do puto, o dar-lhe as gotinhas e ajudá-lo a tomar o pequeno almoço, acabei por me atrasar o suficiente para sair de casa só lá para as 8h, 8h10m. "Tudo bem, chego por volta das 9h30m" - não havia de vir grande mal ao mundo.

Ainda em Linda-a-Velha, reencontro-me com o trânsito do qual as últimas três semanas já me tinham desabituado. Eu bem que andava a estranhar a ligeireza da 1ª semana de Janeiro. Devia haver muita gente de férias, apesar da escola ter recomeçado no dia 2 (ou não?). Na A5 apanho fila na saída para a Praça de Espanha, que, felizmente, acaba por não afectar muito quem vai para a ponte, como é o meu caso.

Ao entrar na 25 de Abril, recebo o telefonema:

- Onde estás?
- Na ponte, porquê?
- Oh pá, saí de casa sem chaves. Nem de casa, nem do carro...
- O quê? BOLAS! @£@#!%! Mais de meia-hora para aqui chegar.... @#$%!# Já aí vou... tenho de sair lá à frente... @#$@%
- Quanto tempo?
- Quanto tempo? @#£$%&! Sei lá! O tempo para atravessar a ponte, e voltar para trás! $#@%$

Claro que do outro lado da ponte, no sentido inverso ao que pretendia fazer, a fila se prolongava, como é seu hábito, aliás, para lá da ponte do não sei quê. Bonito serviço. Quais 9h30, qual quê. Acabadinho de sair da A2, já naquela recta que vai da Caparica ao Centro Sul, preparado para entrar na fila dos que pretendiam ir para Lisboa, toca novamente o telefone.

- Onde é que estás?
- A voltar para trás...
- Ah! É que se calhar consigo boleia...
- Boa! Vê lá se tens a certeza, para decidir se me meto para Lisboa ou não...
- Tá bem, já te digo.
- E o miúdo? Vai levá-lo a pé!
- Sim, claro. Já vamos a caminho...

A boleia lá apareceu, de modo que me encostei à esquerda, segui em frente, e no Centro Sul tratei de voltar a entrar na A2 no sentido certo: Sul! "Bom... lá para as 10h... sem stresses".
Páro na estação de serviço de Setúbal, para abastecer o carro e complementar o parco pequeno almoço. Ao preparar-me para atestar... surpresa!

- Allô...
- Olá! Já estou a caminho. Bolas, fiz meia Linda-a-Velha a correr e...
- Fixe. Olha... quando é que meteste gasóleo pela última vez?
- Hum... acho que foi... foi ontem.
- E onde?
- Lá na Galp. Porquê?
- Então hás-de lá voltar para ver se por acaso não encontraram o tampão da gasolina...
- Quê?
- O tampão não está lá. A tampa estava aberta, e nada de tampão!

De modo que não atestei. Se aquilo tem um tampão, não há-de ser só para decoração, certo? E a julgar pela mancha de gasóleo à volta da tampa, até deve verter bem. Mais vale prevenir que remediar, como dizem.

Depois do bolo (shame on me) e da 'meia de leite', fiz-me novamente à estrada, sem grandes preocupações com o eventual efeito dos kilómetros-hora no derrame de gasóleo, mantendo-me nos habituais cento e. Mas, de facto, ao controlar o nível de gasóleo no painel, e a autonomia indicada pelo computador de bordo, queria parecer-me que a máquina estava um pouco mais sôfrega que o normal. Podia ser só psicológico, dado o conhecimento da fuga, mas já me dava para pensar que, mesmo não atestando, já tinha posto liquido a mais. Restava saber se daria para chegar até ao destino, àquele ritmo.

A certa altura, porém, ia eu 'minding my own business', quando começo a perceber os sinais de luzes de quem passa por mim, e de quem por mim era passado. "Mas que raio? Que é que se passa?" - estava a ultrapassar como deve ser, a fazer o pisca, a encostar novamente à direita... seria a polícia, algum radar?

De repente, ao olhar pelo espelho retrovisor direito, percebi a causa de tanta comoção: tinha a traseira do carro, a deitar pequenas chamas! "Meu Deus! Esta m&$£@ vai explodir!!!". Pânico!

Ou não... Porque estes dois últimos parágrafos não aconteceram na realidade, apenas na minha imaginação.

Cheguei a Santiago sem problemas, e fiz a viagem de volta (já lá para as 19h e tal) 'na boa', apesar do receio em relação à possível fuga de gasóleo. Ainda assim, aconteceu mesmo uma coisa curiosa: na recta de acesso à ponte reparei que a autonomia indicada era de 193km. Ao chegar a casa, no entanto, o valor indicado era de... 196! E esta, hein? Vá lá uma pessoa fiar-se nas electrónicas...