::sábado, março 04, 2006

Falta de visão

É esse o problema, na minha opinião.

Não me refiro à física, no entanto, aquela que nos permite disfrutar da maravilha que é este mundo onde temos a sorte de viver. A par dos seus horrores também, é verdade, na maior parte das vezes auto-infligidos por uma Humanidade que insiste em andar - lá está - cega.

Também não é à visão com que são abençoados os sonhadores, os visionários, ou tão simplesmente, todos aqueles que têm a capacidade de ver para além das circunstâncias e problemas do momento, conseguindo assim pensar 'diferente' e ousar construir novos mundos e fazer-nos dar mais aquele passinho em frente.

Não. É a outra visão que me refiro. A uma visão interior, de fora para dentro, e que a todos nos falha e vai falhando, num ou noutro momento, com maior ou menor frequência, com maior ou menor gravidade.

Uma falta que faz com que vivamos com uma espécie de presbiopia da alma, do ser, que nos impede de 'ver ao perto' e de encontrar em nós - nas nossas atitudes, no nosso comportamento - as respostas para as perguntas que nos colocamos, e para os problemas com que nos deparamos e que nos afligem.

Sendo apenas capazes de 'ver ao longe', é ao que lá encontramos - sejam as circunstâncias, sejam os outros - que atribuímos a 'culpa' pelo que nos vai acontecendo de pior, incapazes de reconhecer em nós próprios as falhas que com relativa facilidade descobrimos naqueles em quem (consciente ou inconscientemente, mas sem dúvida incorrectamente) depositamos a responsabilidade pela nossa própria felicidade.

E isto, infelizmente, não se corrige nem com óculos, nem com lentes, nem com operações...