A fogueira - II
(... continuando)
Estava efectivamente de regresso, a tempestade. Mas seca, sem o mínimo indício de chuva, apenas uma fantástica e aterrorizante composição de som e luz. Não demorara muito para que o ribombar do trovão se fizesse sentir, em toda a sua imponência, mesmo por cima das suas cabeças, acompanhado de impressionantes relâmpagos que iluminavam a escuridão e que, ao atingir o chão, fendiam rochas e rachavam árvores.
Caíam um pouco por todo o lado, tendo o último caído a pouco mais de dois metros da entrada do abrigo, fazendo com que todos se encolhessem ainda mais no seu interior, o mais afastados possível da entrada.
Tão rapidamente quanto tinha chegado, no entanto, a tempestade partia, continuando o seu caminho rumo ao Sul, deixando-os novamente sozinhos. Só quando o pânico começou, também ele, a passar, silenciando o choro e os gemidos de medo, é que se aperceberam do ruído - e da luminosidade - que lhes chegava do exterior.
Os mais afoitos de entre todos levantaram-se e arriscaram espreitar, ignorando as súplicas dos restantes, que temiam o pior. Subitamente, sem qualquer tipo de combinação prévia, e como que movidos por um pensamento partilhado entre si, irromperam para o exterior, gritando freneticamente aos restantes para que saíssem também e os ajudassem.
Um a um, aos pares, ou em pequenos grupos, mas sempre muito a medo, foram-se levantando e saíndo também, até que finalmente somente um punhado deles restava dentro do abrigo. Junto à entrada, observavam, receosos e sem saber bem o que fazer, enquanto os seus companheiros alimentavam - com ramos que econtravam no chão, aqui e ali - as chamas que consumiam o grande ulmeiro que agora jazia por terra, rachado em dois.
(continua...)
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