A máscara
Colocaste-a ou não?
Imagino que sim. Ou melhor, sei que sim.
(Só não sei qual das versões: se a mais discreta, quase inexistente, se a mais exuberante, e eventualmente digna de outro nome. Algo no meio termo, provavelmente.)
Quanto mais não fosse, a lógica altruísta do "não interessa se estou bem desde que as pessoas a quem quero bem acreditem que estou", a tanto terá obrigado.
Não deixa de me fazer alguma confusão, no entanto, que essas mesmas pessoas com quem te preocupas (e vice-versa), não consigam ver através dela. Da máscara.
Porque nem sequer é uma máscara integral, afinal.
Os olhos, pelo menos, estão à vista.
E se pode ser relativamente fácil forçar o sorriso nos lábios, um timbre mais apropriado na voz, ou uma atitude mais descontraída, já o olhar (a tal 'janela') nunca deixa de transparecer... aquilo que deixa. E que eu sei não ser o único a notar.
Não te olharão nos olhos?
Não saberão ler o que eles transmitem?
Não o terão sabido fazer no passado, e mesmo agora, a reconhecerem a tristeza, devem enquadrá-la apenas nas circunstâncias do momento. "É normal" - pensarão.
Pode também acontecer estarem 'apenas' em negação, recusando outra realidade que não uma que os faça felizes (ainda que indirectamente), suportando assim a tua lógica, e reforçando que 'mais vale parecê-lo que sê-lo'.
Mas... será que vale mesmo?
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