Não sejas ovelha
Na sua comunicação ao país da passada 2ª Feira, dia 5 de Outubro (feriado nacional, comemorativo da implantação da República, para ti que andas sempre com a cabeça no ar), o nosso PR, e ao contrário do que aconteceu em comunicações anteriores, foi bastante explícito, não deixando muita margem para dúvida (se alguma) sobre o significado da sua mensagem.
Em vésperas de novo acto eleitoral, o seu 'parem de se queixar, e participem' (mais coisa menos coisa), não podia ser mais claro, assentando que nem uma luva à grande maioria deste 'seu' povo, e não apenas aos 1.6 leitores deste blog que se abstiveram nas Legislativas.
Porque, na realidade, e especialmente no que toca a este assunto da política e aos políticos, andamos todos sempre nisso: a queixarmo-nos.
São todos iguais, só querem o tacho, só sabem meter ao bolso, etc...
Mas, para mim, não deixa de ser curioso que nos queixemos tanto da 'classe política'.
Porque, por um lado, nos esquecemos, muito convinientemente, que por acaso (ou nem por isso: porque alguém lutou por que assim fosse), até temos a sorte de viver num país onde temos a liberdade de nos chegarmos à frente, se assim o entendermos por bem.
"É difícil, é complicado, o jogo está viciado, as máquinas partidárias etc e tal."
Sim, talvez. Mas ainda há uns anos, por exemplo, não existia BE, que hoje tem a expressão que se vê, nem o número de 'movimentos de cidadãos' que existe hoje em dia, e que tentam também eles... chegar ao tacho, pois. Será por medo de nos tornarmos iguais, e caírmos dos nossos pedestais, que não procuramos uma participação mais activa?
Por outro lado, queixamo-nos de ser roubados, da injustiça da Justiça que trata pequenos e grandes de forma distinta, ficamos 'escandalizados' com os casos que surgem aqui e ali, no resto do país, mas em nossa casa, com os 'nossos' políticos... fechamos os olhos a isso tudo, aparentemente.
Roubou, mas fez obra, os outros nunca fizeram nada (não interessa que nunca lá tenham estado ou tido oportunidade para mostrar trabalho).
Em nome da obra feita, dos electrodomésticos oferecidos ou, paradoxalmente, do 'elevado grau civilizacional' da nossa terra (eleita isto e aquilo, etc.), legitimamos ilegalidades, o tratamento diferenciado de uns e outros pela Justiça, e em última análise, o assalto (ainda que indirecto) às nossas carteiras.
E depois... queixamo-nos. Dos outros.
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