::sexta-feira, agosto 13, 2004

ACAREG V

Nesta altura do campeonato já saberás, provavelmente, que o ânimo com que fui para esta actividade não era o melhor. Muito antes pelo contrário.

Estava cansado e sem grande paciência para multidões de miúdos e graúdos.
Chateava-me a ideia de 'queimar' mais 5 dias de férias com estas coisas e apoquentava-me o facto de ir passar (novamente) uma semana longe do B.

Enfim, não estava mesmo para ali virado.

Comecei o Regional com pensamentos do tipo "isto passa num instante", "Sábado é já ali ao virar da esquina", "já só faltam 7 dias", etc...
Andei assim durante os primeiros 3 dias, talvez.
Especialmente nos momentos de maior cansaço.

À medida que o tempo passou, contudo, este sentimento começou a dissipar-se e a ser substituído pelo oposto. Pelo "Oh não! Isto está quase a acabar!".

Foi muito estranho dar-me conta desta (r)evolução, especialmente porque estas coisas costumam acontecer no sentido inverso.
Geralmente começamos cheios de pica para a actividade, super motivados, e energizados, e a dado momento, por força do cansaço e das chatices, damos por nós a desejar que chegue o dia da partida.

Foi estranho, sim. Estranhamente bom.

Vários factores influíram nesta mudança, alguns dos quais já referi nos posts anteriores:

- o regresso ao campo, à tenda, às noites no saco-cama (ainda que uma ou outra mal dormida), ao acordar com o canto dos pássaros (ou lobitos, nalguns dias);
- o passar dos dias no meio da Natureza, longe do fumo dos escapes e cigarros, dos ruídos da civilização;
- o encontrar de novo situações e obstáculos que nos obrigam a puxar da experiência, do engenho, do desenrascanço, para os ultrapassar (sem o luxo dos computadores, electrodomésticos, e outras coisas mais);
- o voltar à bancada de trabalho, por detrás do fogão, dos tachos e das panelas (mesmo quando o fogão teima em não funcionar e\ou quando não está ninguém por perto para ajudar);
- o contacto com os miúdos, mesmo com os piores (e que maus que eles sabem ser);
- o constatar, um dia, que já se conhecem pelo nome os 13 guias, e mais outros tantos elementos (para além dos nossos, claro);
- o reencontrar "velhos" amigos que geralmente só encontramos uma ou duas vezes por ano, se tanto;
- o fazer novos amigos, que com os seus feitios e vivências diferentes tanto têm para nos ensinar (a sermos mais alegres, mais ponderados, mais organizados, mais exigentes, mais relaxados, mais!);

E ainda... o descobrir de um espírito de serviço bem vivo e muito forte, em particular, na equipe dos serviços\organização da actividade. Foram para cima de uma centena de pessoas. Antes, durante, e depois da mesma.
Incluíndo um explorador e dois pioneiros (de Belém?) que, tal como referiu o Paulo Couceiro (Cocas), na cerimónia de encerramento, "tiveram a coragem que muitos caminheiros e dirigentes não tiveram", ao aceitar o desafio proposto.

Esta descoberta, de que afinal ainda há muitos "mesmos", muita gente com espírito de sacríficio e entrega suficiente para organizar e levar a bom porto um evento desta dimensão, em prol do movimento, em prol da juventude, foi, a par da já referida "Equipe Pacífico", um dos factores determinantes para essa reviravolta no meu estado de espírito.

Muito boa. Excelente. Espectacular.
São alguns dos adjectivos que posso utilizar para classificar esta actividade.

E fantástica.
Como a Patrulha Bufo Real, do Grupo Explorador 72, de Linda-a-Velha, que foi a vencedora do acampamento, em termos de IIª Secção.
Muitos parabéns a todos.
Não só aos Bufos (e respectivas senhoras) como aos Mangustos, do mesmo grupo, que ficaram em 13º (?). Em cento e tal, não está mesmo nada mal.

E ainda: valiosa. Gratificante. Motivadora.

Porque realmente vim de lá bastante motivado, cheio de vontade de continuar a servir, de fazer mais e melhor.
Cheio de vontade de adiar a 'sabática' e de me manter no 'meu lugar'.
Ou de, pelo menos, me manter minimamente activo\colaborante, dando o possível.
Bem... logo se vê, certo? ;)

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