São Mensagens Senhor
"... respondeu a Raínha, algo atrapalhada perante a insistência do Rei.
Ao ouvir tal resposta, este recuou, sorriu, e pediu-lhe desculpa pela sua desconfiança, ao que ela respondeu com apenas um sorriso e um olhar ligeiramente magoado, que não traíu o alívio que sentia por dentro. Reconciliados, prosseguiram a sua marcha, e o povo rejubilou. Fim."
"Bravo! Muito bem, Joca."
"Obrigado."
"A sms apresentada como algo de positivo e como veículo de solidadriedade social. Muito bem."
"O trocadilho, não sei se..."
"Sim, Joca, percebemos. Agora..."
"'São Mensagens, Senhor'."
"Sim, Joca. Muito bem! Já percebemos! Bom... como eu ia dizendo, agora chegou a altura de dar-mos as boas vindas ao nosso novo membro. Queres apresentar-te?"
"Hum... Olá... Olá, o meu nome é Rui..."
"OLÁ RUI!"
"Er... Olá. Olá a todos. Portanto... o meu nome é Rui..."
"Olá Rui!"
"Joca, deixa-o acabar! Força, Rui..."
"Desculpe..."
"Não faz mal, não faz mal... Bem... O meu nome é Rui e eu... eu... eu sou sms-ólico!"
"Bravo!"
"Muito bem!"
"É assim mesmo!"
"Vês, não custou assim tanto, pois não?"
É ficção, sim, descansa.
A realidade, no entanto, é capaz de não andar muito distante, pois esta coisa das mensagens, dos sms, já há muito que se tornou um verdadeiro vício.
Como tu, aliás, muito bem deves saber, seja por estares constantemente a ser testemunha/vítima/beneficiário do meu 'comportamento anti-social', seja por seres um dos meus parceiros favoritos neste 'jogo' (quando me juntar aos Mensageiros Anónimos, levo-te comigo).
Os pormenores já estão um pouco nebulosos, mas creio que tudo isto apenas começou a ganhar proporções verdadeiramente assustadoras desde que passei a ter telemóvel da empresa, com o qual é muito mais fácil deixar-me levar pela 'conversa', uma vez que só pára por falta de bateria e nunca por falta de 'créditos' (ao contrário do outro, que tenho de ir carregando de vez em quando).
Já 'levei nas orelhas' por causa disso, claro.
"Estás a ver aqui esta factura da vodafone? Ora bem... então temos... da página X à página Y... 'mensagem escrita', 'mensagem escrita', 'mensagem escrita'... AH! AH! uma chamada de voz!"
"Er... pois... é mais forte que eu?"
Isto tem atingido dimensões tais, que eu até já cheguei a sugerir aos meus prezados sócios o estabelecimento de um plafond mensal (só para mim, mesmo), para ver se à custa do eventual rombo na carteira me conseguia auto-disciplinar. Mas eles não foram na conversa...
Decidi, entretanto, começar a utilizar mais o 96, em particular para mensagens destinadas a ti que és dessa rede (e com quem 'falo' muito), e comecei a utilizar o serviço de envio de mensagens do myTmn, onde tenho direito a 50 sms grátis por mês, para a rede.
Aderi, inclusivé, a uma daquelas promoções (vips?) em que escolhes um conjunto de nºs (de qualquer rede) para os quais as chamadas (e os sms!) são mais baratas. E até o teu 91 (que é um dos mais utilizados) incluí nesse grupo, para reduzir ao mínimo a utilização do telefone da Step.
Qual quê!
Mesmo pagando menos pelos sms, o saldo disponível acaba por chegar a zero mais cedo ou mais tarde, especialmente quando pelo meio vou fazendo umas chamaditas e enviando umas mensagens para nºs que não são vips.
E com o outro ali no bolso do lado... não dá para resistir!
De há uns tempos para cá, no entanto, tenho andado um pouco mais comedido.
Não sei se é de já não te dar tanta conversa, ou tu a mim, mas o facto é que ultimamente já têm sido precisos mais do que 3/4 dias para encher a memória de mensagens enviadas.
Na semana passada, se não me engano, nem cheguei a utilizar os slots todos.
Uma autêntica vitória, acredita!
Dois preciosos aliados nesta guerra têm sido os amigos M&M: mail e messenger.
Se tiver acesso a um ou a outro (e geralmente vou tendo, durante o dia), consigo passar sem fazer o gosto ao polegar. Desde que tu, do outro lado, também estejas on-line, claro.
Isto, no entanto, não me resolve o 'problema de fundo', uma vez que estou apenas a substituir uma coisa pela outra, acabando os próprios substitutos por adquirir, também eles, e por vezes, o estatuto de vício.
Porque o problema não está, evidentemente, nem nos sms, nem no mail, nem no messenger. Não são eles que viciam, não são eles que causam dependência.
Eles são apenas o copo, a seringa, etc... Meios para um fim.
Meros veículos através do quais sacio o verdadeiro vício, do qual, confesso, não me quero libertar:
Tu!
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