::segunda-feira, julho 28, 2008

De volta ao banco

Como lhe compete, no seu eterno papel de suplente.

"O Mister é que sabe" - responde, quando o interpelam sobre a situação, procurando esconder da melhor forma possível, mas sem grande sucesso, o seu desalento.

Tem sido sempre assim, desde a sua subida ao escalão principal no clube, a cada regresso ao activo da estrela do plantel, dado que apenas um pode ocupar a posição que ambos tomam dentro das quatro linhas.

Seja qual fôr o motivo da ausência do titular - uma lesão, umas férias a meio da época, uma noite de excessos, uma digressão com outros 'galácticos', etc. - e por melhores que sejam as exibições (e os resultados) da equipe com o seu suplente em campo, é ao banco que este retorna, assim que aquele se apresenta ao serviço.

Há toda uma massa associativa à qual é necessário agradar, afinal, e um investimento a justificar e rentabilizar, por parte do treinador, pois é, de facto, da maior e mais mediática contratação da história do clube que se trata.

"Lamento imenso que tenha de ser assim, e espero que compreendas" - diz-lhe o treinador, não sem alguma tristeza na voz - "mas é como se tivesse as mãos atadas: foi ele quem pedi à Direcção, e quem prometi aos sócios. Teria sempre de o pôr a jogar, mesmo que não gostasse".

Não falta quem, a cada regresso seu ao banco, o inste a mudar, a dar o salto, a fazer por realizar todo o seu potencial noutros relvados, onde o seu valor seja reconhecido e a titularidade assegurada. Não poucas vezes terá ele próprio pensado no mesmo.

Mas acaba sempre por nada fazer, defendendo-se com seu 'amor à camisola', com ditos sobre como "um homem pode mudar de camisa, de carro, até de mulher, mas nunca de clube", e com a incapacidade de ser ver a marcar golos a esta sua equipe (ainda que com um lágrima no canto do olho, ou sentidos pedidos de desculpas à 'sua' claque), numa atitude que já lhe valeu algumas acusações de falta de profissionalismo, ambição, e até mesmo de... outras coisas mais.

Desta feita, porém, e porque cada regresso à 'ordem natural das coisas' custa efectivamente um pouco mais que o anterior, diminuindo, na mesma proporção, a alegria de entrar em campo (e, consequentemente, a sua própria vontade de jogar), talvez seja finalmente capaz de dizer, convicto:...