::terça-feira, janeiro 04, 2005

Contadores de histórias

J.M.Barrie
Foi o escritor (escocês, do início do sec. XX) que nos deixou o Peter Pan, a Sininho, o Capitão Gancho e restante companhia.

Fui no Sábado passado ver o "À procura da Terra do Nunca", com o Johnny Depp e a Kate Winslet, sobre o período da vida do escritor em que este criou essa sua mais famosa obra (uma peça de teatro, originalmente).

Um filme com tanto de divertido como de comovente, daqueles capzes de te deixar pregado à cadeira no final durante uns bons minutos, em 'contemplação'. A não ser, claro, que tenhas necessidade de fugir à pressa da sala para esconder/lavar as lágrimas ;).

Uma história sobre o poder (e as limitações) da imaginação e da fantasia, e a importância de nunca perder a tal 'criança interior'. Sobre o 'crescer' e tornar-se adulto. E sobre o que isso NÃO tem de implicar.

Tal como a minha mana já o fez num comentário ao post anterior, também eu to aconselho. Vivamente.

Infelizmente, nem sempre basta acreditar com muita força para que os nossos desejos se tornem realidade. Mas ás vezes... 'it's all it takes'. E se nunca tentarmos...


Lemony Snicket
Pseudónimo de um tal de Daniel Handler, que (possivelmente entre outras coisas) também toca acordeão (com os Magnetic Fields, que estiveram cá há pouco tempo).

Este senhor (também) escreve histórias para crianças, e também sobre crianças.
Mais concretamente, sobre 3 orfãos que são alvo das artimanhas de um parente afastado que lhes pretende roubar a fortuna herdada.

Essas histórias (ou parte delas), foram agora adaptadas ao cinema, num filme intitulado "Lemony Snicket's: A series of unfortunate events", no qual o vilão é interpretado pelo (quase irreconhecível) Jim Carrey.

Fui vê-lo na semana passada.
E foi, de facto, um 'unfortunate event'.

Um event com muito potencial, muito bem conseguido visualmente e a nível de efeitos especiais, a lembrar os filmes do Tim Burton.

Mas também muito chato. Parado. Sem ritmo.

Sem graça.

O Jim Carrey, contra quem eu não tenho qualquer tipo de preconceito, está ao seu melhor nível no que respeita à sua famosa (ou infame?) "expressividade corporal", mas tudo o resto, e se calhar por isso mesmo, me pareceu algo... inexpressivo.

Logo por azar, a única apresentação do filme que vi (quando fomos ver o 'Tesouro', lembras-te?), devia ter a 'bobine do som' ao contrário (ou qualquer coisa assim do género, não percebo muito disso), porque o que se ouvia não era inglês mas uma outra lingua qualquer que não consegui identificar.
Achei o efeito fantástico e fiquei a pensar que o filme seria mesmo falado nessa 'lingua'! Mas não é. Infelizmente.

Admito que parte da culpa desta apreciação negativa seja minha, que poderei ter entrado na sala com expectativas demasiado elevadas, que possivelmente não estaria num bom fim de tarde para aquele tipo de filme, ou que estaria com a cabeça demasiado nas nuvens para apanhar as piadas.

Mas toda a companhia (5 meninas! ;o) saíu com a mesma sensação, pelo que não tenho muita dificuldade em não me 'auto-flagelar' por isso.

Venha de lá o 'Charlie and the Chocolate Factory', esse sim do mestre Burton (e com o Johnny Depp), para ver se restaura a minha fé no género.


A aia
Aqui era suposto encaixar um texto sobre a aia, que tal como o bardo, e embora não tão famosa como este, também contava histórias na corte.

Mas já fiz e refiz o texto uma meia-dúzia de vezes, e não consigo chegar a um consenso comigo próprio.

Até já apaguei o título, com a intenção de desistir do 'tópico'.

Decidi-me, no entanto, por voltar a colocá-lo (como se verifica), e a registar desta forma a minha primeira ocorrência de "blogger's block".
Também faz parte, afinal.
:(

E assim, mais 'cedo' que o previsto, passo ao seguinte.


Pam
Não sei se costumas contar histórias ou não, mas preciso que me contes uma.

Sobre bagagem.
Daquela que anda sempre connosco.
De e para qualquer lado.
Mais pesada nalgumas circunstâncias, mais leve noutras.
Mais à vista. Mais escondida.
Mais presente. Mais esquecida.
Mas sempre a acumular, a crescer.

Tenho em mente um conto já antigo, que conheci em traços gerais, mas do qual não aprendi o detalhe.
Porque sempre me bastou o contorno, o conceito que lhe estava inerente, nunca quis saber dos pormenores. Nunca me quis chatear com isso.
Mas, agora que preciso de um desfecho para uma das minhas próprias histórias, sinto necessidade desse detalhe, e penso que tu mo saberás dar.

Imagino que não haja muito mais a acrescentar ao que já sei - meia dúzia de parágrafos, se tanto - mas ainda assim preciso de o conhecer.

Porque nem sempre o contar histórias é suficiente.
Por vezes também é necessário ouvir algumas.
De realidade.