::terça-feira, abril 26, 2005

A verdade

A verdade é que é muito complicado escrever sobre ti.
Sobre a tua ausência, melhor dizendo.

Sobre ti não havia de ser muito difícil, acho eu.
Mesmo não sendo 'os melhores amigos', já nos conhecemos há tempo suficiente, e com a proximidade suficiente, para o fazer com algum à vontade e 'autoridade'.

Mas não vou fazer nem uma coisa nem outra.
Isto é, não muito. Porque, de uma forma ou doutra, já o estou a fazer, não é?

Mas é algo que não podia deixar passar. Este dia. Esta data.
Acho que não é preciso sermos 'melhores amigos' para que esta.. necessidade... faça sentido.

Afinal, fazes parte da minha vida desde os meus 16 anos, não é?
Umas vezes mais próximos (mas nunca muito), outras mais distantes (às vezes demais), com algumas 'turras' pelo meio, derivadas, sem dúvida, das diferenças 'de estilo', mas também , e sobretudo, do ponto onde os nossos (por vezes maus) feitios se tocam. É a Física a funcionar, suponho. :)

Não sei se te surpreendeu o facto de hoje ter aparecido sozinho.
Não era essa a minha intenção inicial, confesso. Mas ela trocou-me as voltas e... bem, não encontrei nenhum motivo para não ir à mesma, só eu. Não encontrei, nem procurei.

Porque independentemente do degrau onde nos encontramos na tal 'escada da amizade', acredito que estamos lá, cada um na do outro, e há muito tempo. Mais acima, ou mais abaixo, não interessa.

Quanto mais não fosse, só por isso faz todo o sentido que também possa ir ter contigo sozinho. Por mim. Por nós.

Mas há mais do que isso, claro.
Mais do que um percurso mais ou menos partilhado até um determinado momento.

Há a marca que a tua partida deixou naqueles que estão a meio caminho entre nós. Por um lado mais próximos de ti do que eu, e por outro, claro, também mais próximos de mim do que tu.

Suficientemente próximos para dar outro (maior) significado a tudo.
Próximos a ponto de me tornar impossível negar a enorme influência que tudo teve no que tem sido a minha vida desde então. No que foram estes últimos anos.

Não estranhes, portanto, se é que alguma vez estranhaste, quando me vires novamente a aparecer sozinho. Porque agora já percebi, já senti, que 'posso'. Que não é estranho que o faça. Mesmo que na maior parte das vezes prefira ir acompanhado. Ou a acompanhar...