Angústia
Ouvi o barulho no quarto a tempo de evitar acordar com o susto do seu salto para a minha cama. Tal como combinado, de 'manhã' ao acordar, o B veio juntar-se a mim na cama grande, para dormirmos mais um bocadinho, antes do despertar definitivo.
Procuro pelo telemóvel na mesa de cabeceira, para ver as horas: 6h15m...
6h15m?!?! Toca a dormir, POR FAVOR.
Mas, infelizmente, nem ele o faz, nem eu o consigo fazer, e não é por causa dele. O tempo passa, seis e mais uns quantos minutos, reviramo-nos os dois na cama, cada um para seu lado, cada um com os seus pensamentos na cabeça.
"Queres um copinho de leite morno? Tens frio? Tens calor? Queres ir fazer xixi?"
"Não. Não. Não. Não."
E eu, que tenho? Uma conversa recente a ressoar na cabeça, provavelmente (se bem que não tenha a certeza de que uma 'conversa' por sms possa ressoar).
Bom, temos de fazer algo quanto a este estado de coisas. Assim não vamos a lado nenhum. Que horas são, entretanto? Sete e pouco.
Mas... espera... a hora não mudava hoje? Hum... serão realmente 7h15, ou 8h15? Ou, pior, 6h15m?!?! Será que, na realidade, acordámos às 5h?
No outro telemóvel é uma hora mais tarde (menos 12 minutos, pois está atrasado). E agora, qual estará certo? Rápido, para o computador. Está pelas sete, também.
E no quarto, no analógico em cima da cómoda? Oito e tal. Este não se acerta automaticamente, de certeza. Pelo que serão sete e qualquer coisa.
Ou seja, acordámos mesmo às seis. Que bom. Antes isso que a alternativa.
Agora estamos os dois aqui a escrever. Ele ajuda-me a colocar os pontos e as vírgulas, enquanto tenta ler (lenta, mas seguramente) o que vou aqui escrevendo.
"Então, não acabas isso? Então? Vamos. Quero fazer um desenho!"
"Espera, estou a acabar..."
"Vá, despachas-te ou não? Quero fazer um desenho. Já está?"
"Já filho, já está. Vamos ao Paint, vá."
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