::sexta-feira, julho 01, 2005

A minha vez

Hoje foi a minha vez.
A primeira de muitas.

A minha vez de ficar do lado de fora do autocarro, à espera que este parta, a fazer caretas e a acenar para o puto, que está à janela a retribuir.

Não é que tenha sido a primeira vez que ele foi de autocarro com a 'turminha' para algum lado, mas é a primeira vez que vai com eles para a praia.

Começou hoje a época balnear do Externato, que, no caso dele, vai durar ('apenas') todo o mês de Julho. Quatro dias de praia, e um de parque (Expo, Alvito, Indios, etc.), por semana. A praia é uma das da outra banda, se não me engano, para lá da Costa. Não me lembro agora do nome do sítio.

E pronto... a ida à praia é sempre mais 'assustadora' do que a ida ao cinema, ao teatro, e até mesmo às grutas do não sei quê. Para 'nós', claro. Para eles não deve ser nada. Se bem que ele não ia lá muito entusiasmado...

"Não quero ir para a praia!"
"Vá, temos de nos despachar, a camioneta não espera por nós."
"Mas eu não quero ir..."
"Não sejas patareco. Vá, mais uma colher..."
">Bleurp<"
"Não faças isso..."
">Bleuuurrrp<"
"Bernardo!"
">BLEURP< ... >BUÁÁÁÁÁ<"
"@#$@#%!!!"

Depois de sair de casa e entrar no carro, no entanto, passada a birra, lá animou. E ao chegar à porta da escola, a visão das duas grandes camionetas ainda deu uma ajudinha, e calou de vez o "não quero ir". Claro que o facto de ter sido o último da sala a chegar, e demasiado em cima da hora, fez com que perdesse o 'comboio dos meninos' e com que ficasse desemparelhado, tendo de ir sentado ao lado de umas das auxiliares. Daí talvez o ar menos contente com que espreitava pela janela. Segunda-feira será melhor, espero.

E eu lá me fui colocar do outro lado da estrada, com uma mão sobre o sobrolho a tentar tapar o sol, para o conseguir ver melhor, e com a outra a fazer adeus e sinais de 'fixe', 'cool', e outros que tais, para ver se o espevitava. Uma corridinha até junto da camioneta, algumas patarequices, voltar para o outro passeio, dar outra corridinha até lá, mais alguma mimica à janela... até eles se irem embora.

É engraçado, depois de anos do 'outro lado', a ver os pais dos lobitos do lado de fora dos autocarros e comboios, a ficarem para trás, encontrar-me agora 'deste'.

Fica-se com um misto de alegria, por vê-los a ganharem a sua 'autonomia', a crescerem, e de alguma preocupação, se é que sequer se lhe pode chamar isso, por tudo aquilo que sabemos poder acontecer. Mas sem grandes stresses ou medos. Com confiança. Em quem os acompanha, neles próprios, e n'Ele também, evidentemente.

Quando entrar para os escuteiros, esses malucos, aí sim, vou virar 'pai galinha'.
Ou será galo? ;p