Fomos limpar Portugal
Eu e o B.
E, ao que parece, mais uma centena de milhar de pessoas.
Ali para os nossos lados, no entanto, no ponto de encontro junto às piscinas do Estádio Nacional, seríamos apenas uns cem, mais coisa menos coisa, divididos em equipas por localidade.
Como já chegámos tarde (nove e pouco, quando a concentração estava marcada para as 8h30), acabámos por não ficar inseridos na equipa que 'tratou' de Linda-a-Velha (e na qual se encontravam a M, da 51, e o seu pai), tendo sido encaixados naquela que foi para a Outurela.
Para além de nós estavam mais duas pessoas da "organização" (entre aspas, não por falta da mesma, mas apenas devido à natureza da coisa), duas raparigas (universitárias?), um casal, uma mãe com as suas duas filhas (pouco mais velhas que o B), e um funcionário da Junta de Freguesia de Carnaxide.
Munidos de carrinhos de mão (2), pás (2), ancinhos (4), pica-papéis (4), vassouras (2), baldes (4), e uma quantidade indeterminada de luvas de trabalho, máscaras, e sacos para o lixo, lá partimos para o nosso destino, por volta das 10h.
A primeira paragem foi debaixo do viaduto que liga Alfragide/Outurela a Miraflores, (um d)aquele(s) que só pôde ser inaugurado em vésperas das últimas eleições autárquicas (com certeza devido a imponderáveis de natureza técnica).
O local estava mais limpo do que o que se esperava, apresentando sinais de uma 'limpeza' recente. Ainda assim, tinha lixo e entulho suficiente (e alcatrão, no qual não podíamos/devíamos mexer, por ser tóxico) para nos ocupar a todos durante aproximadamente uma hora e encher boa parte da caixa da carrinha da Junta.
Daí seguimos para as 'traseiras' da urbanização 'nova' que existe perto da rotunda onde se inicia esse mesmo viaduto, onde o cenário era bem melhor. Em termos de trabalho, entenda-se, porque lixo (plásticos, garrafas, papeis, etc) era o que não faltava.
Ficámos aí, eu e o B, até ao meio-dia, hora em que tive de o ir levar a casa para o almoço (e levar-me a mim, depois de um duche rápido, para o cliente do pelicano), tendo o resto da equipa lá permanecido a dar continuidade ao trabalho.
Mais tarde, ao chegar a casa, voltei a constatar, com um misto de tristeza e frustração, que não precisava de ter ido para 'tão longe' para ajudar a limpar um cantinho de Portugal: ali mesmo nas minhas traseiras tinha dado jeito uma daquelas brigadas!
O problema, receio, é que, por muito boas e louváveis que sejam estas iniciativas, não há-de demorar muito tempo até voltar tudo ao mesmo. Ainda que, como dizia na 6ª Feira uma das pessoas que importou a iniciativa da Estónia para o nosso país, tenhamos ganho neste dia mais 100.000 'fiscais', que ajudarão a dificultar o reaparecimento de algumas destas lixeiras.
Resta a esperança de que este tipo de iniciativas ajude efectivamente a sensibilizar as pessoas para o problema, e para a mudança de hábitos que é necessária. Ao menos que ajude as crianças, como o B, a tornarem-se, neste capítulo, melhores adultos que aqueles que hoje lhes dão o exemplo.