::segunda-feira, outubro 31, 2005

O Feiticeiro Vampiro

Avistei-o esta manhã, ao sair do banho. Não foi nem a primeira vez que tal aconteceu, e nem terá sido a última, certamente. Afinal, os nossos caminhos cruzam-se todos os dias, por força de partilharmos a mesma habitação.

Dirigi-me a ele, ainda a pingar do duche, e apesar do temor provocado por aqueles caninos afiados e sedentos de sangue, lá ousei dar-lhe um abraço e um beijo, e, antes de desmaiar, ainda consegui ter a presença de espírito suficiente para sacar da camara-telemovel e obter uma prova deste autêntico encontro sobrenatural.



"Ena, tás tão giro! Pareces mesmo um vampiro!". "E as asas?" - perguntou ele. "Oh, asas não há! Não te crescem, mas também não precisas". Entusiasmado, e ligeiramente eufórico, virou costas e saíu porta fora, ao encontro dos demais diabretes e criaturas do além.

"Boa escola. E bom dia das bruxas!" - gritei-lhe, enquanto desaparecia nas brumas do elevador...

::domingo, outubro 30, 2005

O fantasma

Avistei-o novamente uma destas noites, como era aliás inevitável que mais tarde ou mais cedo voltasse a acontecer. São os locais por onde me movimento, afinal, aqueles que assombra. É assim natural que os nossos caminhos se cruzem, de tempos a tempos, tal como já havia acontecido anteriormente, e tal como, certamente, há-de voltar a acontecer.

Passámos um pelo outro sem parar, reconhecendo apenas a presença do outro, sem emitir qualquer palavra. Sem sequer o tentar. A sua condição auto-infligida limita-lhe essa capacidade - de comunicar com lado de cá - ao mesmo tempo que me limita a vontade de o fazer. E assim, pese embora a curiosidade natural, mantenho-me mudo no meu caminho, não efectuando qualquer tipo de tentativa de aproximação ou de contacto.

Parece-me sempre vislumbrar, no entanto, no que consigo identificar naquela imagem difusa como sendo a sua face - a sua boca, os seus olhos - o esboço de um sorriso, um estranho brilho no olhar. Serão reais? A sê-lo, que poderão significar? Que mensagem tentarão transmitir?

Não sei, não percebo. Mantem-se, para mim, um mistério indecifrável, apesar do turbilhão de conjecturas que me percorre o espírito.

Compreendi, no entanto, e finalmente, o porquê do temor que o Homem tem dos fantasmas. Ao contrário de outros seres sobrenaturais, ao contrário dos monstros, por exemplo, não é o próprio fantasma que assusta, não são os seus 'Buuuus' e afins, mas sim todo o poder que encerra dentro de si.

O poder de nos fazer reviver um passado em que estava presente na nossa vida, com tudo aquilo que nela possa ter representado, e que acabámos por perder no momento em que, voluntariamente ou não, a deixou.

::sexta-feira, outubro 28, 2005

Adivinha cinéfila

Dada a presente conjuntura internacional, de qual dos filmes do mestre Hitchcock um eventual remake seria um estrondoso êxito de bilheteira?

Hum? Qual é? Qual seria?

Alerta!

Dado ontem no fim da reunião de pais:

Apareceram dois meninos com PIOLHOS, um na sala dos três anos e outro na sala dos cinco.

A sala do meio, a dos quatro (a do B), permanece incólume, mas convém estar atento.

Escusado será dizer que saímos todos de lá cheios de comichões...

::quinta-feira, outubro 27, 2005

E a luta continua

Um pouco por todos os sectores da nossa sociedade, contra essa ideia diabólica de tentar fazer com que não sejam só alguns, 'os outros', a apertar o cinto.

Faz-me lembrar um pouco a eterna saga doutro grupo lá da 'nossa casa', os famosos 'os mesmos'. Todos concordam em fazer tudo, e até se comprometem, mas quando chega a hora da verdade, acaba por ser (quase) sempre o referido grupo a 'dar no duro'.

"Combata-se a crise, mas não às minhas custas", parece ser o mote.

Professores, militares, polícias, juízes, enfermeiros... toda a gente protesta.

De greves a manifestações, já de tudo se viu e vai vendo, incluindo, e com esta pasmei, uma carta à UNESCO (?) a protestar contra o estado da justiça em Portugal. Inicialmente, e tendo em conta os remetentes da missiva, ainda pensei que fosse algum tipo de 'assumir das responsabilidades', um 'meter a mão na consciência'. Mas afinal não. Não era um protesto contra a lentidão, ineficiência e/ou ineficácia, mas sim contra a agressão de que as regalias da classe eram alvo.

Para um 'cidadão normal', que trabalhe no sector privado, como eu, por exemplo, estas coisas devem causar alguma confusão/indignação. A mim causam. Especialmente quando o estado da justiça é o que se sabe, e quando quase todos os dias vão surgindo notícias como as da anulação dos testemunhos, escutas e afins, no processo contra aquela senhora que fugiu para o Brasil. Enfim...

Para acabar o desabafo (que espero que me perdoem) transcrevo o comentário de um leitor à notícia do Público sobre o tema (e ao fazê-lo trago parte de um texto do MST, para cuja 'atitude' não costumo ter grande paciência):

"Por concordar, transcrevo parte do seguinte comentário que consta do blog verbojuridico, por se coadunar com este artigo. É que segundo Miguel Sousa Tavares, "Porque uma greve é uma forma de pressão e não há pressão alguma quando a greve não incomoda ninguém. Uma greve de transportes, uma greve da TAP, uma greve dos trabalhadores da EDP, incomodam milhares ou milhões. Uma greve na justiça não incomoda ninguém; (...) não incomoda rigorosamente nada". Pois é, uma greve da TAP não chega a incomodar 50.000 pessoas nem implica adiamento de 5.000 voos. Mas, uma simples greve de dois dias dos Juízes, afectou mais de 50.000 pessoas. Se a estes números forem adicionados os decorrentes da greve dos magistrados do Ministério Público (a sua greve implicou o adiamento de muitas diligências de inquérito, menores e julgamentos cíveis e criminais), assim como dos Funcionários Judiciais (milhares de pessoas ficaram impossibilitadas de obter documentos, certidões, apresentar petições e requerimentos), é quase certo que a greve no sector da justiça pode ter atingido números próximos das 100.000 pessoas e seguramente mais de 6.000 adiamentos (usando o mesmo método de pesquisa no site tribunaisnet.mj.pt). "

Pois que acho que o supracitado leitor não terá percebido muito bem a intenção das palavras que citou. A verdade é que, e pelo menos na percepção que temos (tenho) da nossa Justiça, as referidas paragens/adiamentos parecem ser insignificantes quando os processos normalmente já levam meses e anos a concluir. Quando concluem.

Para os mais distraídos

Aqui fica a chamada de atenção para os dois links novos na barra da direita.

Um para o blog da Silvinha, animadora do 626 em suspensão temporária de actividades devido ao estágio de 2 anos que está a 'agora' a iniciar em Macau, e que assim nos vai mantendo a par das (suas) novidades orientais.

E o outro para o do João Coelho (Coelhinho, para os que privavam com o irmão mais velho, o da Lidador :), um ex-animador do 626, que chegado à idade da sabedoria decidiu lançar-se também nestas coisas de blogues.

::quarta-feira, outubro 26, 2005

ARGH!

Obras de remodelação nas instalações do cliente. Já aqui as referi, a propósito de uma coincidência.

Enquanto não terminam a intervenção no espaço onde nos sentávamos antes, transferiram-nos para uma cave, juntamente com outros 'outsources'.

Um espaço mais amplo, onde não estamos encavalitados uns nos outros e nas máquinas, como estávamos no nosso cantinho anterior. Mais exposto também, com menos privacidade, o que não é problema de maior uma vez que não estamos cá para privar mas sim para trabalhar. E até estamos mais ou menos à vontade, dado que o resto do pessoal que partilha o espaço connosco até é bastante descontraído.

Ainda assim, uma cave. Sem janelas. Sem luz ou 'arejamento' natural.

Mas com ar condicionado. O ruído do ar condicionado, pelo menos. Intenso, constante, sempre presente. Claro que por esta altura do campeonato já está interiorizado, e remetido para 'background'. Quase que só damos por ele quando se desliga, por volta das 19h30/20h, altura em que parece que algo se desliga no nosso próprio cérebro, tal é a estranheza que o silêncio causa. E a sensação de alívio que se apodera de nós sem que percebamos bem porquê.

E como do ar condicionado só usufruímos mesmo do ruído, a este junta-se o calor. O que se penou por aqui, em Setembro e início de Outubro. Uma autêntica sauna! Que não é das coisas mais apetecíveis do mundo, quando se está de fato e gravata. Ultimamente, no entanto, com os dias mais frescos que temos tido, não damos tanto por ele. Mas ainda se faz sentir, em particular da parte da tarde.

Entretanto, e porque as obras nesta parte do edíficio ainda não estão completamente terminadas, vamos levando, de quando em vez, com as cantorias, conversas (por vezes bastante 'coloridas') e marteladas do pessoal que, do outro lado da parede/biombo improvisada, as vai adiantando, bem como com a ocasional e irritante sirene de alarme, que nos deixa sempre a pensar "Será a sério?".

A juntar a tudo isto, e como se não fosse suficiente, nos últimos dois dias tem-se feito sentir um (muito) desagradável odor a esgoto, proveniente de uma das 'salas de arrumação' localizadas directamente por trás de nós (curiosamente, as casas de banho, que ficam mesmo ao lado da dita sala, parecem ser o único local imune).

É suposto voltarmos ao nosso espaço antigo (ou irmos ocupar um novo, ainda não percebi) em Janeiro, mas já houve quem nos perguntasse se acreditávamos no Pai Natal e no Coelhinho da Páscoa... Decididamente, não há condições!

::domingo, outubro 23, 2005

3 noites

A de Sexta
Noite de cinema, para ver o tão aguardado 'Nochnoi Dozor - Guardiões da noite', o tal blockbuster russo de que te falei aqui há uns 2 meses atrás.

A expectativa era de facto muita, e já se sabe: quanto maior se é...

Bom, não foi uma queda assim tão grande quanto isso, até porque algumas das críticas (do público) que tinha lido nos dias anteriores no Público on-line, me tinham posto mais ou menos de pé atrás: "Mau", "Muito mau", "Secante", etc. Ainda assim, estava classificado (por 75 votos do público público, e não do público jornal) com 3.8 estrelas, o que, em 5, até se pode considerar bastante bom.

Eu... não desgostei. Não digo que gostei porque foi, realmente, um pouco decepcionante. Muito parado em certas partes, muito 'melodramático' noutras, ideias e sequências por vezes mal coladas (coladas 'a cuspo', como alguém escreveu), enfim, algumas coisas que num filme de terror/fantasia/acção deixam um pouco a desejar.

Fica, no entanto, a premissa base (que é interessante), e todo o potencial (porque o tem), que se esperam vir a ser melhor aproveitados na 2ª e 3ª parte da trilogia. Com alguma sorte ainda efectua o percurso inverso ao do Matrix.

Porque 'não há bela sem senão', ou, neste caso, 'senão sem bela', valeu (mais uma vez) a companhia, desta feita bastante diversa e a cruzar diversos círculos, do verde ao azul, incluindo também o 'e-circulo': conheci, finalmente, a Teresa do blog aqui do lado :)

A de Sábado

Prespectivava-se calma, em casa, mas acabou por ser tudo menos isso: nem calma, nem caseira.

Um telefonema daí a desafiar para um copo n'O Pedro', onde havia noite de fados (que não é daquelas que normalmente me faça sair de casa, confesso), um sms para acolá a reproduzir o 'desafio', meia horita de Bombeiro ex-Paraquedista (bombista, né?) à desgarrada, e... fim de noite no WallStreet, ali na Quinta da Fonte, a beber outros copos e a comer pipocas ao som dos Hi-Five, uma das 'bandas residentes' (tocam lá uma vez por mês, se não me engano).

Pearl Jam, Ben Harper, Green Day, Placebo, Muse, U2, Xutos&Pontapés, entre outros, fazem parte do repertório de covers da banda, e foram mais do que suficientes para animar a nossa pequena excursão, e arruinar por completo o tal 'anhanço' a que alguns de nós já nos tínhamos resignado, umas horas antes.

Mais uma vez, 5 estrelas para a companhia (que incluía, pasme-se ou não, uma das minhas antigas lobitas. Estou mesmo velho! ;).

A de hoje, Domingo

Foi, e continua a ser, calminha.
Dar banho e jantar ao puto, fazer e enviar a acta da última reunião de equipe, escrever e publicar este post... e sim, assistir (com 'cortes') ao Gil Vicente-Sporting Clube de Portugal.

Desiludido, eu? Achas que sim?

Admito que esperava que se portassem um pouco melhor do que nos últimos tempos, agora que lhes tinham feito a vontade, mas não estava à espera de nenhum milagre. Por esse esperariam todos aqueles que acredita(va)m que a(s) fonte(s) de todos os males do clube havia(m) saído a meio da semana, mas entre esses não me conto eu. Enfim, 1 pontito sempre é melhor que nada!

A ver vamos, como corre daqui para a frente. Isto de treinador (inexperiente) e jogadores se tratarem 'tu cá, tu lá' pode ter tanto de benéfico como de prejudicial, por isso... está tudo em aberto, suponho.

::sábado, outubro 22, 2005

Porquê?

"Papá!"
"Hum?... (deixa-me dormir)"
"Porque é que os Grandes casam?"
"Hum... (Sábado)..."
"Porque é que os Grandes casam?"
"...(8h30m da madrugada)... hum... não queres ir ver desenhos animados?"
"O Mowgli?"
"Esse..."
"Siiiim!!!"

::sexta-feira, outubro 21, 2005

Ainda

E sempre, provalvelmenTE.

Tolice é...

... não querer aceitar o que de bom nos é oferecido, em toda a sua profundidade e incondicionalidade.

... não reconhecer a sua capacidade de entrega, espírito de sacrifício, e tolerância à dor.

... continuar a acreditar que é possível perder o imperdível, quando é por nós, e para nós, que existe.

... possuir a lâmpada mágica e não a utilizar, com receio de incomodar o génio, que vive apenas para servir.

... chorar pelo que se receia perder de um caminho ao optar por outro, desconhecendo que certos caminhos se curvam e transformam magicamente, para que nunca os percamos de vista, nem ao que de bom neles encontramos.

... parvoíce, necedade, desconchavo, asneira, estupidez.

... qualidade de tolo. Algo que, por vezes, nos devíamos esforçar mais por não ser.

::quinta-feira, outubro 20, 2005

E se...

... à última da hora, no CCB, instigado pelo 'terramoto' dos últimos dias em Alvalade, o Professor decide apresentar a sua candidatura à Presidência, não da República, mas do S.C.P.?

Especial?

Muito especial?
E queres ficar com isso só para ti?

Mas não são as coisas especiais para ser partilhadas?
Em particular aquelas que não são apenas nossas, as que só existem e fazem sentido devido a/com terceiros? Não terão estes o direito de as conhecer?

Tens medo de quê, afinal?
Que ta roubem?
Que te acusem?
Que te exijam?

É isso, não é?
Compreendo...

Ainda assim, surpreendes-me: não te fazia nada egoísta.

O benjamin

E os cotas (Carla, Kika e Luis) foram ontem jantar ao Ristorante Valentino, ali nos Restauradores (por detrás da ABEP).

Já há muito tempo que não se juntava o grupinho do círculo azul, e, na verdade, ainda não foi desta que se juntou completamente, uma vez que faltaram os cotas Pina e João (que não tinham com quem deixar as respectivas proles), e Roque (que anda lá fora, na Califórnia, a fazer pela vida, coitado).

Miúdos, Benfica, Sporting, política, concertos, carros, novidades da malta conhecida (da Link), etc., deu para falar de tudo um pouco, e por a conversa em dia.

Quatro estrelas e meia para o restaurante (italiano, para quem não percebeu), que foi uma muito boa surpresa, com comida deliciosa (incluíndo o verdadeiro Tiramisú!) e preços apenas ligeiramente acima da média. O benjamin recomenda!

::quarta-feira, outubro 19, 2005

Vamos, Alice!

Acorda!
Eu sei que não queres, mas tens de o fazer, acredita.

Não te podes deixar aprisionar por esse son(h)o profundo, pois corres o risco de não mais conseguir acordar. Tens de despertar, de tempos a tempos que seja, para não perderes definitivamente o caminho de volta à realidade.

Tens de vencer esse sentimento de pertença, essa ilusão de necessidade. Mesmo sendo onde te sentes mais completa, mais verdadeira, mesmo sentindo que um já não faz sentido sem o outro, não precisas assim tanto do País das Maravilhas, Alice. Não podes precisar! Assim como o País não precisa de ti. Pelo menos não tanto como te queres fazer crer. Sempre existiu sem ti, e os seus verdadeiros heróis são os que lá habitam.

Pensa! Se te deixares levar, se perderes de vista o lado de cá do espelho, o que poderá acontecer se o "Off with her head!" da Raínha de Copas for finalmente executado?

Exmos Srs

Animadores do Pio X,

A Equipe de Animação da Alcateia 51 aprovou ontem à noite por unanimidade (dos presentes) a proposta de realizar a actividade de Natal em conjunto com a vossa muy valorosa e estimada Unidade.

Urge determinar se V.Exas, a par da referida Unidade, manifestam de facto idêntica vontade, com vista a iniciarmos (ou não) os estudos necessários à sua concretização.

Bem hajam.

Eles andem aí!

Os 'Guardiões da Noite' já chegaram, há quase duas semanas.

Estamos a combinar ir vê-los no Sábado à noite, em parte ainda incerta.

Vens connosco?

::segunda-feira, outubro 17, 2005

Ena!

O Presidente da Junta de Freguesia escreveu-me!

Quer dizer, não foi só a mim, acho eu. Pela conversa, dá ideia de ter escrito a todos os 'Lindávelhenses':

'Caros eleitores... agradecer-vos... vitória expressiva... bla bla... agradecemos também... contudo... felicitei hoje pela sua vitória... bla bla bla... eleitores esclarecidos e interessados... bla bla... DAR O EXEMPLO... o papel desta carta é de papel reciclado...'.

Exactamente, para toda a gente. Não foi só para mim, mas também não faz mal. Sei bem que não sou um qualquer, como ele próprio, aliás, teve oportunidade de me dizer na passada 5ª Feira, quando o fui buscar para ver se conseguia dar início à reunião de pais da Alcateia: "Ó Chefe, tou a ir. Não sei se já te apercebeste mas não é qualquer um a quem um Presidente trata por Chefe". E lá isso é verdade!

Junto com a carta (a tal do papel de papel), veio o programa eleitoral (para relembrar), um postal da Dra. Teresa e um calendário para 2006, com a 'foto de equipe'. Que fixe! Fiquei mesmo contente.

Fiquei também, e no entanto, um pouco baralhado. Não só porque sempre associei 'expressivo' a algo mais 'significativo' que os 3 a 5% de margem com que (estou em crer) a candidatura vencedora ficou para a 2ª mais votada, mas também porque me parece que o EXEMPLO teria sido muito mais EXEMPLAR se se tivesse poupado inclusivé no papel reciclado para a produção da carta.

Enfim... pormenores.

Agora tenho de ir tentar salvar o programa eleitoral do papelão, para 'imanizar' no frigorífrico e poder ir picando à medida que se for concretizando!

Gone with the w...

...eek-end. Como sempre.

Começa na meia-noite do 3º Sábado de Outubro, e acaba à meia-noite da 2ª Feira seguinte, decorrendo durante todo esse fim-de-semana.

É (foi!) o JOTA/JOTI. E é assim em todo o mundo, incluindo o nosso cantinho do mesmo, em Linda-a-Velha. É certo que por cá já há algum tempo que não cumprimos o horário integral, ou sequer o 'objectivo integral', mas o que conta, e vai contando, é a intenção.

Jamboree. On The Air. On The Internet.
Encontro. Através das ondas do rádio, e/ou (mais recentemente) da internet.
Encontro de escuteiros, neste caso, e (mais ou menos) evidentemente.

Dado que somos cerca de 28 milhões, entre jovens e adultos, espalhados por 216 países e territórios (sendo que em apenas 6 países do mundo não existe qualquer tipo de movimento escutista: Andorra, Cuba, China, e outros que não me ocorrem de momento), é impossível realizarmos esse encontro presencialmente (seja com que periodicidade for), pelos motivos óbvios.

Esta impossibilidade, no entanto, e também obviamente, não é de hoje. Terá existido desde o início, ou pelo menos a partir do momento em que o Escutismo se aventurou para fora das fronteiras do Reino Unido.

Ainda assim, e com o intuito de aproximar um pouco os escuteiros de todo o mundo, desde 1920 que se realiza o Jamboree Mundial, uma actividade/acampamento onde se procura fazer o tal 'encontro presencial' com o nº de escuteiros possível, de quatro em quatro anos. O 1º foi em Londres, e reuniu cerca de 8000 escuteiros. O último foi em 2003, na Tailândia, onde estiveram presentes aproximadamente 30000. O próximo há-de ser em 2007 (ano do centenário do Escutismo), na Ilha de Brownsea, onde tudo começou em 1907.

Para todos os que não têm oportunidade de estar presentes nestes eventos (ou seja, para a esmagadora maioria), realiza-se desde 1956, e com periodicidade anual, o JOTA (com a sua variante, o JOTI, a aparecer há coisa de uma dezena de anos, se tanto), no qual participa um nº estimado de meio milhão de escuteiros.

Hoje em dia (como já referi o ano passado), com a tecnologia que 'todos' temos à disposição, que nos permite 'encontrar' qualquer pessoa, em qualquer lado, e a qualquer momento, esta actividade vai perdendo adeptos, à medida que perde igualmente um pouco do seu sentido e encanto.

Por Linda-a-Velha, no 626, vamos continuando a tentar manter a tradição, e a lutar por ser, cada vez mais, uma das excepções à regra. Para além de promovermos a utilização das referidas tecnologias como meio de contacto com escuteiros de outras partes (porque o facto de estar disponível não significa que seja utilizada nesse sentido), aproveitamos a data para realizar um 'encontro interno', de aproximação entre os nossos 200 escuteiros.

Este ano, e ao que sei, já conseguimos inverter um pouco a tendência dos últimos anos, tendo voltado a realizar alguns contactos via rádio para 'fora de portas', embora ainda muito longe dos nºs de outros tempos. Mas cá estaremos de novo para o ano, para ver como corre...

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::sexta-feira, outubro 14, 2005

Em tempo de Jamboree

Aqui fica uma adivinha para as gentes do 626 (que me desculpem as outras ;).

Era uma vez quatro 'manas'...

Quatro extensões de terreno limpo e batido, ou lajeado, onde se secam, malham, trilham e limpam cereais e legumes.

Duas vegetais. Duas animais.

A primeira é molusco acéfalo lamelibrânquio, cuja concha os romeiros usavam como insígnia, no chapéu.

A segunda é árvore rosácea pomífera.

A terceira é peixe teleósteo frequente nos mares do Algarve.

A quarta é árvore da família das moráceas arbóreas, cujo fruto é a amora.

Quando uma está, as restantes estão também presentes (quase sempre).

Quem são?

:)

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Acordou

Com muito esforço, fazendo por ignorar a dor que o brilho intenso lhe causava, Arconciel tentou abrir os olhos. Não conseguiu, contudo, fazer mais do que os entreabrir, tal era a pressão que a intensidade da luz exercia sobre as suas palpebras.

Era, no entanto, o suficiente. Era tudo o que precisava para voltar a contemplar, por breves segundos que fosse, a doçura e suavidade da luz da sua lâmpada. Agora só o conseguia fazer assim, de tempos a tempos, e muito brevemente. Mas bastava-lhe.

O seu canto estava agora sempre presente, já não apenas no seu coração, mas em todo o seu redor, acarinhando-o, tranquilizando-o. Era esse canto que ainda lhe dava forças para continuar a suportar o calor e as demais agruras.

O calor! Nunca pensou que pudessem existir temperaturas tão elevadas como aquela. Nem na própria Sol, a Raínha das Lâmpadas, da qual nunca nenhuma barbaleta se tinha conseguido aproximar.

Mas nem esse calor cáustico, nem a própria luz, que a pouco e pouco o privava da visão, o faziam esmorecer ou querer ir embora. Nem mesmo aquela estranha impressão nas costas, aquela dormência, lá onde nasciam as suas belas asas.

Não sabia exactamente onde estava, nem há quanto tempo, nem sequer como tinha ido ali parar. Sabia apenas que estava junto dela. Da sua lâmpada. Só isso lhe interessava. Tudo o resto se tornava insignificante, perante essa realidade.

E lentamente, embalado pelo melodioso canto e pelo calor, deixou-se novamente adormecer...

::quinta-feira, outubro 13, 2005

Ao pequeno-almoço

No refeitório do cliente, em conversa com a colega:

"Então, viste ontem o jogo?"
"Vi, sim... bla bla bla"
"Patati patata... Pauleta... patati patata..."
"Bla bla bla Quim bla bla bla"
"E viste qual era a equipe com mais jogadores na Selecção?"
"Hum... não. Qual era?"
"O Valência!"
"O Valência? E eu a pensar que era o teu Benfica."
"Pois, mas o Valência tem lá o Miguel, o Hugo Viana, e..."
"O Jorge Andrade? Não, esse é do Corunha..."
"É aquele... o Caniche, ou lá o que é!"
"Ah! O Caneira!"
"Esse!"

::quarta-feira, outubro 12, 2005

Havia necessidade? - III

De utilizar uma forma incoerente com o conteúdo, para transmitir a mensagem?
Ou será que foi propositado, para demonstrar a veracidade da mesma?

::terça-feira, outubro 11, 2005

reCAPitular - IV

... as seen on last episode.

Ok, pronto. Agora a sério.

Tu que não estás completamente a leste destas coisas dos escuteiros (como tu, por exemplo, que não precisas de ir embora só porque disse a palavra mágica), já deves ter percebido de que tratavam os posts anteriores.

Exactamente, era do CAP. Ou, para ser mais preciso, do (imaginário do) acampamento que constituiu a última sessão presencial do mesmo. Imaginário esse proposto, nem mais, nem menos, pelo tal magnífico Bando Ruivo. Já era a sério, aquela parte de sermos os maiores, etc. :)

Para ti que ainda estás um pouco a leste, e partindo do princípio que ainda não abandonaste o barco, convém dizer-te que esta é uma das componentes do nosso método de trabalho, no escutismo: ensinar (fazendo, fazer) jogando.

Seja com os mais novos (para não lhes chamar miúdos, pois há miúdos mais velhos que não apreciam o termo), como é normalmente o caso, seja com os graúdos, como acontece de quando em vez, em actividades de formação e afins.

No caso concreto dos acampamentos, e outras actividades de maior dimensão, este 'jogo' ganha outras dimensões, e procuramos sempre inseri-lo dentro de um imaginário, de uma história que possa servir de fio condutor às diversas (sub)actividades. Não só para lhes dar outra cor, mas também (e especialmente) para abrir as portas da imaginação e apelar à criatividade dos participantes.

Dota-se o jogo de Sábado à tarde (por exemplo) de um enredo contextualizado, dão-se nomes apropriados às refeições, caracterizam-se os espaços e os participantes, enfim, vai-se até onde se quiser e conseguir, no sentido de dar vida ao tema, ao tal imaginário.

Assim foi, como não podia deixar de ser, com este acampamento. O imaginário por nós proposto girava à volta da história que te apresentei, representando cada uma das equipes (bandos; já lá vou) um panteão de deuses da antiguidade. Ao nosso bando, e em sorte, calhou o panteão Hindu, como já deves ter percebido. Gostava de ter uma ou duas fotos para te mostrar aqui a tal 'imersão' no imaginário, mas não tenho. Ainda não tenho. Allô, Shiva?

Entretanto, perguntas-te tu, que por enquanto ainda te posicionas mais a oriente:

"Mas afinal, o que é isso do CAP? E 'método de trabalho', 'formação'? Mas qual trabalho? Formação para quê? Para brincar com os putos ao Sábado à tarde? Para ajudar umas velhinhas a atravessar a rua?"

Ah pois é!

(to be continued...)

::segunda-feira, outubro 10, 2005

Notícias

A má
A minha percentagem de massa gorda está alta, o que faz de mim, segundo o 'prof', um 'falso magro'. Onde é que ela se mete, para além da cintura, é que eu não faço ideia.

A boa
Afinal peso menos 3kg do que pensava, a minha relação altura-peso está óptima (uma vez que o metro e oitenta e cinco não mudou), e a forma física, de acordo com as tabelas e quadros dos especialistas está boa. E esta, hein?!

A neutra
Já tenho o programa para 'transformar' a gordura em musculatura no ginásio, através de uma combinação de 'cardiovasculares' (bicicleta, passadeira, etc.) e máquinas de musculação. Tudo isto em complemento às actividades de grupo, como o Body Pump ou RPM, claro!

Agora é que é!
Vamos lá malta!
E um!
E dois!
E... SHHHHHHHHHHWWWWWWWWWWWWWWWAAAAAAAAAAAAAAAA!

Definições

Peregrinação

Derivação feminina singular de pereginar.
do Lat. peregrinatione

s. f.,

arte de peregrinar;
viagem a lugar santo, por devoção ou para cumprir promessa;
romaria;
viagem, excursão, por longes terras.


Peregrinar

do Lat. perigrinari

v. int.,

viajar por terras distantes;
ir em romaria a lugares santos por devoção, ou em cumprimento de uma promessa;
por ext. divagar;
perambular;
jornadear;

v. tr.,

percorrer em viagem.


Romaria

de Roma

s. f.,

peregrinação religiosa;
festa de arraial;
por ext. reunião de pessoas que andam em jornada ou passeio


Palavras-chave: viagem, excursão, devoção, reunião.

::domingo, outubro 09, 2005

Verde

Foi a cor predominante da tarde de hoje.

Verde das t-shirts (não de todas, mas das suficientes para nos fazer parecer um episódio da 1ª Companhia, como alguém disse), da esperança, e das árvores do Monsanto.

Mais concretamente do Parque da Pedra, um dos muitos 'locais de recreio' que surgiram nos últimos anos no Monsanto, equipado com paredes de escalada e um percurso de obstáculos suspenso, e onde passámos a tarde na 'festa de anos' do Ivo, que ontem celebrou o seu 32º aniversário.

Entre tiro com arco, volei, muita conversa (posta em dia), comes e bebes, e as patarequices dos mais novos, foi mais uma tarde muito bem passada, na companhia de algumas das pessoas mais importantes do (meu) mundo. Também a chuva ajudou, caindo apenas esporadicamente, e sem grande vontade (embora até para ela o aniversariante se tivesse prevenido, não fosse ele escuteiro!, com um toldo improvisado).

Apetece mesmo dizer: Obrigado Ivo, pela excelente ideia, e pelo convite! :)

Cinzento

Foi como acordou hoje o dia. Não consigo deixar de o achar apropriado.
E não só pela exibição (e resultado) de ontem da Selecção de todos nós, ou pela situação no meu Sporting, que todos os dias atinge um novo baixo (estou contigo Custódio!).

Por esta hora, e um pouco por toda a parte, já se celebrarão os vencedores esperados e anunciados (bem como as eventuais surpresas). Dos 'suspeitos', e inocentes até prova em contrário, apenas um de entre os quatro mais mediáticos ficou pelo caminho. Mudou de poiso, terá sido esse o seu azar, quiçá! Interrogo-me sobre qual será o passo da Justiça, daqui para frente? Irá ficar, também ela, pelo caminho?

Entretanto, 'cá por casa', ainda não sei como ficaram as contas, mas ao que julgo saber, e independentemente dos resultados locais, podemos contar com o suspenso derrubar de mais um 'poucochinho' de mata do Estádio Nacional para breve. Pode ser que não, haja esperança. E mesmo que seja, pelo menos já ninguém nos tira a nossa bela rotunda e respectiva fonte.

Que venha a chuva, e que caia com força.
Para, dentro do possível, sarar o País, e para limpar as ruas dos restos dos festejos.

::sexta-feira, outubro 07, 2005

voca B ulário

Sabes... apesar de ficar todo babado com a fluência que o puto já tem no falar, com todos os 'aliás', 'algures', 'portantos' e afins, que utiliza (e bem!), a verdade é que vou ficar cheio de saudades do seu Bernardês (com a sua incrível capacidade de me fazer sempre sorrir), quando este for definitivamente extinto pelo 'português correctamente falado'.

Por enquanto ainda vão resistindo algumas pérolas como o "já fazi", o "quando é que vamos ao jardim dológico ver os riniçocerontes?", o "pouta querra, pouta querra" dos comboios, e o "tu não fazes comieu", mas também estas, qualquer dia, hão-de seguir o caminho do "muito mim" (muito pequeno), e desaparecer.

Eu sei que é mesmo assim que tem de ser, e que são coisas que só têm graça nestas idades, mas... sei lá... é tão mais giro que o "Emprestas-me o carro?" ou o "Hoje não janto em casa!", não achas? :)

reCAPitular - III

... as seen on last episode.

No final, apenas os mais poderosos de entre todos se mantinham de pé, e mesmo esses faziam-no no limite das suas forças...

Dos cinco Artefactos do Poder restavam apenas cinzas e fragmentos insignificantes, desprovidos de toda e qualquer energia, a sua grandeza para sempre perdida para os Deuses...

A montanha no ventre da qual haviam encurralado o Inimigo havia desaparecido por completo, e no seu lugar aparecera uma monstruosa cratera, sobre cuja origem o Homem haveria de especular ao longo dos séculos vindouros...

Mas os sacrifícios não tinham sido em vão. A Sombra fora derrotada, desta feita para sempre banida de todos os planos de existência, sem qualquer hipótese de retorno, tendo o Crepúsculo dos Deuses sido evitado.

Tudo correra como haviam vaticinado os Pais dos Deuses, no seu Concílio, até mesmo as perdas sofridas. Tal como haviam escrito nas páginas do Destino, assim se desenrolara a acção: a Demanda dos Artefactos, os Banquetes Ecuménicos, a Consulta dos Oráculos... todos os passos que, de acordo com o seu Plano Divino, haviam de levar ao culminar deste, com o Confronto Final com o Adversário.

Como estava predestinado, os obstáculos foram surgindo, um após o outro, e todos, sem excepção, foram ultrapassados pelos valoros Deuses, incluindo o mais perigoso e insidioso de todos: a corrupção dos seus espíritos pela Sombra, que os levava a guerrearem-se entre si. Se essa já era a sua tendência natural, a proximidade do Inimigo, a sua nefasta influência, complicava ainda mais a já árdua tarefa de cooperarem com vista a um objectivo comum.

Mas também essa prova foi superada, e, no fim, o vencedor era só um:

O Panteão Hindu! YES!

Shiva, Durga, Uma, Ganesh, Kartiqueia e Vishnu.

Que é como quem diz, o Bando Ruivo, do qual orgulhosamente faço parte:

Fátima, Lúcia, Edna, Sebastião, Miguel, e Rui (eu!).

Somos os maiores!
E quem ousar dizer o contrário há-de ver o céu cair-lhe sobre a cabeça herege! :)

(to be continued...)

::quinta-feira, outubro 06, 2005

reCAPitular - II

... as seen on last episode.

Mortais houvesse nas redondezas para presenciar o feito, e ficaria de certo para a história (ou, no mínimo, para combustível de teorias da conspiração e da criação cosmológica), como da noite para o dia, naquele lugar ermo e desolado, surgiram as monumentais construções: pirâmides, templos, tronos e piras gigantescas...

Ser-lhes-ia (aos Deuses) impossível conceber que pudessem partir para a sua Demanda em direcção ao Confronto inevitável com a Sombra, sem que antes consagrassem aos respectivos Pais, os territórios nos quais aqueles se desenrolariam. Era, simultaneamente, um acto de louvor e de protecção.

Porque eram, de facto, tarefas perigosas, aquelas que aguardavam os elementos dos cinco panteões. A Sombra, o Adversário do passado, da aurora da humanidade, havia ressurgido no plano terrestre, e cabia aos Deuses que a tinham derrotado no passado, voltar a fazê-lo, por forma a manter o Homem livre do seu flagelo.

Para evitar que tal sucedesse, e evitar também o Crepúsculo dos próprios Deuses (pois se acumulasse poder suficiente, o Inimigo poderia derrotá-los a eles também, e para sempre bani-los do plano Celeste), necessitavam de voltar a reunir os cinco artefactos mitológicos que tinham utilizado no passado para banir a Sombra, e que haviam sido dispersos pelos quatro cantos do mundo, na Primavera dos Tempos: A Flor de Lótus de Vishnu; Mjolnir, o martelo de Thor; o Ceptro de Osiris; o punhal de Quetzacoatl; e o Caduceu de Hermes.

Encontrá-los e recuperá-los não iria ser tarefa fácil, mesmo para entidades imbuídas de tamanho poder, como eram aqueles 25 Deuses...

(to be continued...)

::quarta-feira, outubro 05, 2005

O peão

Estava preocupado. Apreensivo. O embate aproximava-se e ainda não sabia ao certo por qual dos lados iria combater. Era um homem livre, embora de humildes posses, e não devia lealdade a ninguém. Pelo menos a nenhum dos senhores que empurravam o povo para o campo de batalha. E isso dificultava-lhe a tarefa, ao contrário de tantos outros que se limitavam a seguir a bandeira do castelo que os abrigava.

Mas tinha de escolher. Sentia que para além de um direito que a sua estimada liberdade lhe garantia, era um dever seu fazê-lo. Não lhe agradava a ideia de, chegada a hora, ficar em casa, de braços cruzados, à espera do resultado de uma batalha que outros haviam de ter travado por si.

Mas era complicado. Em todas as facções encontrava alguém sobre quem pairavam nuvens negras. Não conseguia tomar partido.

O Conde, antigo senhor das terras onde habitava, por exemplo. Tinha partido, há anos, para as Cruzadas, deixando para trás, com elevado espírito de sacríficio, um dos condados mais prósperos do Reino, apenas para caír parcialmente em desgraça perante o Rei, devido a suspeitas entretanto levantadas de sonegação do tributo régio.

Voltava agora, à cabeça de um pequeno exército, determinado a reconquistar as rédeas do Condado das mãos daquela a quem aquelas tinham sido confiadas, e que agora não fazia tenção de as soltar, a Condessa ComSorte.

Por um lado não lhe agradava a ideia de se juntar às fileiras do Conde, ao levar em conta todos os antigos e novos rumores e supeições. Mas, por outro lado, encontrava nessas mesmas fileiras gentes de reconhecida fibra e moral, a quem dava todo o seu apoio (embora encontrasse também, desgostoso por ver as associações de ocasião que se haviam criado, gente de baixo carácter e que lhe mereciam os comentários mais vilipendiosos). Apoiar uns significava, de alguma forma, por muito indirecta que fosse, apoiar o outro. Não lhe agradava.

Na outra facção, a da Condessa, deparava-se com cenário semelhante, embora com posições invertidas. Apesar de estar disposto a apoiar as suas pretensões aos Paços, encontrava no fidalgo que ela havia colocado no comando das hostes do seu cantinho do Condado, alguém em quem, há muito, perdera toda e qualquer confiança, e que nunca poderia voltar a seguir. Mais uma vez, e também aqui, apoiar uma, representaria um apoio tácito a outro, e também isso não lhe agradava.

Quem haveria ele então de apoiar? Ao lado de quem lutaria?
Só lhe restavam os pretendentes que pouco ou nada conhecia.

Porque tinham de acontecer estas coisas aqui, no seu pedaço de terra? Porque não podiam passar imunes a estas situações? Porque não se limitavam estas a acontecer nos cantos mais recônditos do Reino?

Tanto quanto sabia e ouvia dizer, por todo o Reino existiam situações semelhantes, um pouco por todos os condados e ducados. Falava-se de uma Duquesa, que após andar fugida à justiça real no além-mar, voltara triunfante, e transportada em ombros pelos seus súbditos, se lançara à (re)conquista do seu feudo. Ouviam-se rumores sobre um Barão, que havia sido convidado nos calabouços do Rei, e que ainda com o pescoço parcialmente no cepo, arregimentara um batalhão para retomar o seu trono. Cantavam os bardos, nas tavernas e praças, sobre um outro Conde, que tomava de assalto o condado de outrém, após uma breve digressão como jogral e bobo, pelas quintas do Reino. Onde iria este parar, nas mãos de gentes assim?

Não se considerava o peão um homem impoluto, ou acima de qualquer suspeita, nada disso. Tinha os seus esqueletos no armário, como toda a gente (excepto, talvez, os Príncipes Encantados montados em belos corcéis brancos) e não seria ele o primeiro a atirar a primeira pedra, como Nosso Senhor Jesus Cristo havia comandado.

Apenas estava farto de ver sempre os mesmos a aproveitarem-se da inocência e ingenuidade do povo. Ao menos que se desse a vez a outros. À máxima inglesa 'Better the devil you know', preferia (no caso em questão) a bem nacional 'Ou há moral ou comem todos'.

Tinha de polir o escudo e armadura, e afiar a espada. Embora ainda não se tivesse decidido, tinha uma certeza: não havia de ficar de lado.

::segunda-feira, outubro 03, 2005

reCAPitular

Foi na calada da noite que Eles chegaram.

Era importante que assim fosse, não só para ganhar tempo precioso no dia seguinte, mas também para melhor ajudar a que passassem despercebidos aos olhos dos mortais e do Inimigo. Era de vital importância que especialmente este não se apercebesse da sua presença no plano mortal, por forma a garantir a vantagem do elemento surpresa no confronto que se aproximava.

O plano dos Pais estava finalmente a ser posto em prática, mas não sem algumas falhas, algo que, para os oráculos e adivinhos mais pessimistas, não representava um bom augúrio.

O panteão Hindu (que, de entre todos, era aquele que viajara a maior distância), falhara a hora inicial para o encontro, alegando, à chegada, pressões e pedidos extemporâneos por parte dos seus fieis devotos. Eram, de facto, e de entre todos, os únicos que ainda exerciam funções juntos dos mortais, e isso dava-lhes alguns créditos junto dos restantes. Os deuses Aztecas, contudo, de longe os mais temperamentais, fartos de esperar, já haviam seguido sozinhos para O Local predestinado.

Não tardou que Gregos, Nórdicos, Egípcios e os recém-chegados Hindus se juntassem a eles, no entanto, e uma vez confortavelmente instalados nos aposentos preparados n'O Local, todos (excepto os deuses da Folia, claro está) se dedicaram à contemplação interior, de modo a melhor se prepararem para as árduas tarefas que os aguardavam.

(to be continued...)

O quase milagre

Domingo, 9h30 (da manhã), um grito ecoa pela casa:

"MAMÃÃÃÃ, o Vermelhinho está no chão!!!"

O Vermelhinho estava no chão, e eu estava (ainda) deitado na cama.
Já estava suficientemente acordado, no entanto, para fazer rapidamente a associação de ideias necessária:

Vermelhinho = peixinho vermelho do B
Chão = meio seco, desprovido do elemento necessário à sobrevivência dos peixes
Vermelhinho no chão = ARGH!!!

Levanto-me num pulo e num instante estou na sala (sim, que isto agora com o SolPlay é outra conversa), onde os dois transiuntes assistem perplexos ao cenário dramático:
Vermelhinho no chão, deitado sobre o lado esquerdo, no meio dos fios do telefone, carregadores e afins.

"Rui, pega-lhe, que ainda está a respirar!"

"Se respira ainda está vivo, e enquanto há vida há esperança, até mesmo para o meu SCP" , pensei eu, ao mesmo tempo que num movimento rápido e fluido (sim, porque isto agora...) peguei no destemido Vermelhinho e o coloquei de volta no aquário.

Chamo-lhe destemido porque era evidente que tinha sido ele próprio o causador do seu desaire. Já há uns dias que andava a apresentar um comportamento algo errático, com corridas súbitas pelo fundo do aquário e com aquilo que nos pareceram tentativas de saltar o rebordo do mesmo. Os salpicos presentes na parede (do aquário) eram testemunho que desta vez o tinha tentado novamente, e conseguido.

Convém dizer que a hipótese de ter sido o 'suspeito do costume' foi rapidamente posta de lado, e que nos bastou o seu singelo "não" ao nosso "mexeste no Vermelhino, filho?" . Até porque o rapaz nunca demonstrou qualquer apetência para esse tipo de atitude, ao contrátrio, por exemplo, da Maria da Nany, que com um ano de idade foi ao aquário buscar o seu peixinho e lhe deu uma dentada!

Após ter voltado ao seu meio, e depois de algum tempo a nadar de lado, o Vermelhinho lá conseguiu retomar a sua posição normal. Ainda era visivel alguma dificuldade em respirar, e depressa nos apercebemos que tal era devido a algum pó que tinha acumulado na boca e guelras durante a sua curta estadia no exterior. Não que a casa esteja assim tão suja, apenas teve o azar de cair num local que 'atrai' bastante porcaria (os fios e tal). Foi pois ncessário meter as mãos dentro do aquário e realizar uma delicada operação de remoção de pó do seu corpo, por forma a que pudesse movimentar-se e respirar melhor.

Cerca de dez minutos depois do alarme inicial já tudo tinha voltado à normalidade, com o Vermelhinho a dar sinais de uma rápida recuperação.

Continuamos sem saber os motivos que o levaram a saltar para fora do aquáqio. Talvez tenha sido a solidão a que estava submetido desde que o Malhadinho 'fugiu para o mar'. Talvez fosse o desejo de conhecer outros mundos, outros meios...

Não sabemos. Nem nunca o saberemos.
Até porque agora já não teremos mais oportunidade de lhe perguntar.
Ontem ao voltar para casa ao fim da tarde, demos com ele novamente a nadar de lado, mas desta vez à tona d'água. Pobre Vermelhinho...

(O B ainda não se apercebeu, por isso nada de lhe falar no assunto, ok?)

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::domingo, outubro 02, 2005

Beleza

Tarde solarenga e quente, a convidar a sair de casa.

Patins em linha.
Trotinete.
Bicicleta.
Carrinho telecomandado.
Bolas de basquete e de futebol.
Sticks de hoquéi e respectivo disco.

Espaço apropriado à prática da maioria das modalidades que envolvem os objectos acima enumerados.

5 Amizades de 15 e mais anos.
Os respectivos putos (daqueles que os têm).
E tu, 'Omnipresente Kate' (uma amiga de 16 anos, uma amizade de 10), que tinhas razão ao afirmar que esta tarde havia de vir aqui parar.

Faltou talvez a patuscada, mas passou-se muito bem sem ela.

Devia haver mais momentos assim.
Devíamos fazer mais por isso.
Não achas?